Quanto mais a gente se baixa... |
Quinta, 02 Fevereiro 2012 |
O neo-conservadorismo cavalga a passos largos na destruição geral dos direitos sociais e laborais. O exemplo vem agora do estado espanhol: o governo pretende fazer regredir a despenalização do aborto. Este facto tem um profundo significado ideológico. De algum tempo a esta parte assistiu-se a uma luta entre dois sectores da burguesia vizinha. A burguesia “moderna” e mais “laica” pretendia um estado competitivo de crescente precariedade e desemprego mas de diminuição de tensões entre poder central e as nacionalidades, de diminuição de desigualdades de género, discriminações sexuais ou direitos individuais – dando um ar de esquerda a políticas neoliberais – enquanto prosseguia retrocessos nos serviços públicos e se empenhava na guerra e nas privatizações. A burguesia mais conservadora, mais enraizada no espanholismo e na igreja, descendente da ditadura franquista esperava a oportunidade e pressionava pela direita. A oportunidade veio com a falência da social-democracia dita socialista e mais uma derrocada de um partido da Internacional Socialista completamente entregue ao neoliberalismo que faliu como projecto de massas. Na Espanha como cá, o neo-conservadorismo vencedor já reclama também mais retrocessos nos salários e nos direitos laborais. A orgia de barbaridade seguirá sempre mais adiante se não lhe opusermos resistência, sempre insaciável exigirá sempre mais até ao esmagamento político, social e económico do trabalhador. O neo-conservadorismo aí está para prosseguir, “custe o que custar” como disse Passos Coelho. O fascismo social aproxima-se. A questão que importa questionar a milhões de pessoas é se aceitam passivamente estas vagas sucessivas de retrocesso enquanto se alimentam eternos poços sem fundo como o do BPN para salvar a mafiosa finança ligada aos partidos do regime e que devia estar na cadeia? A questão que importa perguntar a milhões de pessoas é até quando aceitam o “chicote” sem esboçar resistência e revolta? Minha avó Júlia contou-me dos tempos da fome, da sardinha para três pessoas, de ter azeite só quando se conseguia roubar azeitona, das filas do pão, da jorna ao dia ao preço que queriam pagar… Mas aquela velhota pequenina, que não pôde frequentar a escola porque teve que ir guardar gado, sabia a “lição da dignidade”: “netinho, quanto mais a gente se baixa, mais o cu se vê”. “Que floresçam mil acções de indignação”! Victor Franco |
A Comuna 33 e 34
A Comuna 34 (II semestre 2015) "Luta social e crise política no Brasil" | Editorial | ISSUU | PDF
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