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Terça, 19 Março 2013

marx de bicicletaO sistema capitalista vive numa profunda crise, onde o neoliberalismo deixou o capital financeiro em rédea solta, financeirizando a economia. A transnacionalização dos monopólios, o enorme desenvolvimento dos mercados financeiros e a livre circulação de mercadorias e de capitais são a marca do imperialismo global.

A relação de forças no terreno da luta de classes pende claramente para o lado do capital, aumenta a exploração, o desemprego e o empobrecimento, face a uma brutal austeridade e recessão económica numa a estratégia de acumulação, tendo na mira o arrebanhar «dos monopólios naturais» e do modelo social europeu, num rumo preciso de transferência do produto da riqueza do trabalho para o capital.

As pessoas vivem num mundo onde os valores e as convições foram profundamente abaladas nos finais do século passado com a queda do muro de Berlim e pelo soçobrar do campo socialista, o individualismo e o "salve-se quem puder" vieram substituir o coletivo e a solidariedade, numa brutal proletarização que se verificou ao nível global.

Com muitas dificuldades vai-se erguendo um mundo de resistência e luta, novos atores e movimentos sociais, forças revolucionárias e do progresso se vão erguendo contra a barbárie, novas maiorias sociais se procuram constituir para afirmar alternativas às forças do capital e do império, procurando elevar a capaciadade de luta e consciência do trabalho pela transformação social e o socialismo.

Importa pois, neste caminho, exaltar o aniversário da morte de Karl Marx que há 130 anos, no dia 14 de março, morria em Londres, exaltando desta forma a sua obra e os ensinamentos que nos deixou, olhando o mundo, interpretando-o no caminho para a sua transformação.

Marx foi o fundador do socialismo científico e do materialismo dialético e histórico, promoveu a mais radical viragem na concepção da história, desvendou o papel histórico do proletariado, demonstrou cientificamente que o capitalismo é um sistema condenado ao desaparecimento e descortinou um novo caminho para o futuro da humanidade - a construção de uma sociedade nova, a sociedade socialista.

As condições históricas em que Marx viveu, lutou e elaborou sua teoria são inteiramente distintas das atuais e em todos os seus aspectos irrepetíveis.

A Marx devemos a marca de três grandes descobertas que constituem, em si, uma verdadeira revolução no pensamento social. Assimilou de maneira crítica a herança filosófica do passado e criou uma nova filosofia, o materialismo dialético. Sua concepção materialista da história proporcionou ao proletariado e ao partido comunista um poderoso instrumento para o conhecimento e a transformação da sociedade e do mundo. Contando com a colaboração de Engels, escreveu obras fundamentais em que expôs com clareza essa inovadora concepção de mundo, entre as quais destacamos "A Sagrada Família", "A Ideologia Alemã", " Miséria da Filosofia" e "Ludwig Feuerbach e o fim da filosofia clássica alemã".

No terreno da economia política produziu uma das suas mais importantes obras - "O Capital" - na qual toma conteúdo e forma a economia política científica com sua pedra angular - a teoria da mais-valia, colocando em evidência o "segredo" da exploração capitalista deslindando o funcionamento da sociedade capitalista.

Mas, foi no socialismo científico que incorporando as anteriores doutrinas socialistas como o socialismo utópico rompendo com elas criticamente que transforma o socialismo utopico em ciência, abrindo novas perspectivas à luta pela emancipação do proletariado - a conquista do socialismo e da sociedade sem classes, o comunismo.

Marx com Engels elaborou o "Manifesto do Partido Comunista", que veio a exercer influência decisiva no movimento operário e comunista embrionário de meados do século XIX, marcou época e atravessou os tempos. A luta de classes é o motor da história e a missão histórica do proletariado o derrube do capitalismo e a construção socialismo.

Era precisamente da luta dos trabalhadores que Marx extraía suas conclusões teóricas. Foi um analista atento dos grandes acontecimentos de seu tempo, a partir de cujas observações e interpretações produziu obras-primas como "As lutas de Classe na França" e "A Guerra Civil na França." Ele próprio disse que cada passo dado em frente no movimento operário real é mais importante do que dezenas de programas.

Marx foi um internacionalista, concebia a força dos trabalhadores na sua solidariedade internacional de classe. Por isso, juntamente com Engels, fundou a Associação Internacional dos Trabalhadores, que se transformou em termos históricos como I.ª Internacional.

A articulação internacional é o continuar de uma tradição iniciada pelos comunistas do tempo de Marx e Engels, mas acima de tudo construir a luta concreta contra a globalização neoliberal, sob a égide do imperialismo global, continuando o trabalho e a luta desenvolvidos.

"Proletários de todos os países, uni-vos!".

José Casimiro