Castro, o arcebispo e o ministro de Espanha Versão para impressão
Segunda, 12 Julho 2010

Lamentavelmente, o governo cubano continua a preferir negociar com a igreja e com os governos estrangeiros, do que com os opositores cubanos na sua pátria. 


Artigo de Carlos Santos

Guillermo Fariñas abandonou a greve da fome. Fê-lo na sequência do anúncio de que o Governo de Cuba vai libertar 52 presos políticos e após ter recebido a visita do bispo de Santa Clara.

O Governo cubano assumiu o compromisso após uma longa reunião de seis horas entre Raúl Castro, Jaime Ortega, arcebispo de Havana, e Miguel Moratinos, ministro dos negócios estrangeiros de Espanha. Nesse encontro, ficou assente que o regime cubano vai libertar de imediato alguns dos 52 presos e libertará os restantes nos próximos meses. Esses presos sairão da prisão directamente para Espanha. Pelas declarações públicas de Moratinos1 parece que o Governo de Espanha se terá comprometido a tentar mudar a posição da União Europeia face a Cuba.

A saída negociada deste caso tem aspectos positivos e revela algo muito importante.

O fim da greve da fome e a libertação dos presos são factos sem dúvida positivos, assim como a decisão do governo de Cuba de aceitar uma solução negociada. Como vão longe os tempos, apesar de terem passado só 4 meses, em que perante este problema a resposta era apenas: Cuba no acepta presiones ni chantajes.

Esta solução comprova que algo se vem alterando lentamente em Cuba, o que também pode ser avaliado pelas cartas ao director, na verdade um arremedo de debate, publicadas no Granma e pela existência de revistas e blogues de “dissidentes”, o mais conhecido dos quais é o Generación Y de Yoani Sánchez.

A solução encontrada e os meios para lá chegar mostram, no entanto, muito mais. Mantém-se a solução de desterrar os opositores, desta vez para Espanha, na velha senda de os classificar a todos como bandidos ou agentes estrangeiros. E a resolução só foi encontrada numa reunião “diplomática” entre o presidente, o bispo e o ministro de Espanha. Lamentavelmente, o governo cubano continua a preferir negociar com a igreja e com os governos estrangeiros, do que com os opositores cubanos na sua pátria.

O exílio e a negociação diplomática, em vez do diálogo interno, mostram que o governo cubano teme antes de mais a oposição interna e confirmam, afinal, que a evolução dos acontecimentos em Cuba, nomeadamente as marchas das “damas de branco”, teve um peso decisivo para que fosse esta a solução encontrada.

Muitas pessoas de esquerda ficam revoltadas perante as acusações e declarações dos governos dos EUA e da União Europeia contra Cuba, é justo e natural. Porém, a política do regime cubano não é de esquerda, como claramente revela esta solução provisória que encontrou para o conflito interno. Um regime que se proclama socialista mas onde não há liberdade de expressão e de associação prejudica a luta da esquerda a nível mundial. Isso a esquerda que luta pelo socialismo não pode calar.

 

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