Mundo árabe pede democracia, ocidente manda esperar |
Terça, 15 Fevereiro 2011 | |||
Se há matéria que ficou clara com os movimentos pró-democracia no mundo árabe é a verdadeira dimensão da preocupação do ocidente para com as aspirações democráticas de países que, sozinhos, lutam pelos seus direitos. Fica também provada, pela milionésima vez, a hipocrisia latente no discurso da guerra (Iraque e Afeganistão) como um plano de democratização além fronteiras. Um país como os Estados Unidos que tem um método de eleição que esmaga o pluripartidarismo, tem lobbys instalados no senado e afirma-se como uma nação sobre a égide de Deus (quando na realidade está sobre a batuta de Wall Street) não tem muito para ensinar sobre democracia. Pode sim ensinar sobre como manter uma plutocracia (relatório da Citigroup admite isso mesmo) sobre a capa de uma democracia formal que nem sequer respeita os princípios basilares de um estado democrático (a separação entre Estado e Igreja). Até parece que basta podermos votar para haver democracia, a ser verdade eram tolos os tunisinos e os egípcios que saíram à rua...mas não é. Mas se ânsia por democracia por parte dos egípcios urge, já a Ocidente se aconselha a calma e prudência. Calma e prudência? Mas criaram-se guerras sanguinárias na luta pelo controlo geo-estratégico do petróleo fingindo que se tinha preocupações democráticas e depois pretende-se refrear as aspirações democráticas de um povo auto-determinado? Parece que os egípcios não foram sensíveis à moderação de quem quer que tudo fica na mesma e vivem hoje a alegria da partida de Mubarak, graças à teimosia de quem assume a luta até ao fim. Democracia oferecida não existe, ela custa sangue, suor e lágrimas e quem não percebe isso vai sempre acreditar nos “messias” que dizem o que devemos fazer. Vamos continuar a ouvir os “especialistas de economia” a dizer que a economia portuguesa precisa de baixar os custos do trabalho para ser competitiva ou vamos construir uma sociedade orientada para a sustentabilidade social e ecológica? Vamos continuar a ser os “parvos” que deixam que os “espertos” nos digam o que o país precisa? Vamos apontar o dedo para os pobres que recebem o rendimento mínimo ou vamos lutar contra os que dizem que os mercados financeiros não devem ser hostilizados? Não há consensos moles, o pantano português precisa de uma resposta. Porque lutar pela democracia é lutar pelas condições de vida das pessoas, a internacionalização da luta dos povos é caminho do progresso social. A Tunísia e o Egipto deram o mote... João Dias
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A Comuna 33 e 34
A Comuna 34 (II semestre 2015) "Luta social e crise política no Brasil" | Editorial | ISSUU | PDF
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