O complô anti-Bloco Versão para impressão
Quarta, 11 Maio 2011

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Numa fase em que tanto se discute a essência do mercado financeiro que o termo especulação está em voga, apetece-me afirmar que o Bloco de Esquerda, ironicamente, está sob ataque especulativo.

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Artigo de Cláudia Ribeiro

É senso comum afirmar que quando algo ou alguém se afigura como motivo de incómodo pelas constantes críticas (construtivas neste caso), acaba por se tornar um alvo a abater. Neste contexto, e na última década, o Bloco de Esquerda afirmou-se como o bode expiatório da política portuguesa. Numa altura em que a luta política se intensifica com a apresentação das mais demagógicas pseudo-medidas por parte do Bloco Central e com a proliferação da mensagem da inevitabilidade da austeridade e do FMI, o Bloco – sempre à esquerda – sofre ataques de todas as frentes.

Os mais falaciosos argumentos apresentados para descredibilizar o Bloco de Esquerda afirmam que “é um partido que só critica” ou “falam muito mas não estão preparados para governar”. Desenganem-se aqueles que acreditam no vazio destes argumentos. O Bloco de Esquerda apresentou contas no final deste mandato e, como já era de esperar, comprovou-se a capacidade de propor medidas, de apresentar uma alternativa viável, socialista e de verdadeira Esquerda. A crítica é necessária e o BE critica quando entende que tal é pertinente. O incómodo causado pelas críticas veiculadas apenas corrobora a sua pertinência e a sua veracidade.

Não nos encontramos preparados para governar? Nada poderia estar mais longe da verdade. Mas, ao contrário da restante “oposição” parlamentar, não nos vendemos, nem abdicamos das nossas ideias e ideais para, como se diz na gíria, “chegar ao poleiro”. Somos também acusados de vender uma falsa imagem de união à Esquerda porque nos negamos a negociar com o Partido Socialista. Tal argumento até seria válido mas apenas se o Partido Socialista fosse um partido de Esquerda e não um partido convertido ao neoliberalismo.

Se dúvidas restavam relativamente ao medo instalado no seio do círculo do poder devido ao crescimento sustentado do BE e da apresentação de medidas efectivamente socialistas, estas têm-se vindo a esfumar rapidamente. Desde que o Governo caiu foram sucessivos os ataques sem sentido e desesperados contra o Bloco. José Sócrates chegou até a afirmar que este era o principal inimigo do seu PS nestas eleições. Decerto que tal afirmação se deve à capacidade, natural e inerente à sua essência, que o BE tem para relembrar a José Sócrates o estofo de um partido verdadeiramente Socialista.

Por outro lado, e como já é habitual, as máquinas de propaganda dos Partidos do Centrão tem vindo a, mais uma vez, mexer os seus tentáculos na árdua tarefa de moldar e formatar a opinião pública. Refiro-me às tão badaladas sondagens que, nas últimas semanas, estimam que o resultado do BE nas urnas rondará os 4 a 7 %. Numa fase em que tanto se discute a essência do mercado financeiro que o termo especulação está em voga, apetece-me afirmar que o Bloco de Esquerda, ironicamente, está sob ataque especulativo.

Assim sendo, chegou mais uma vez a hora de cerrar fileiras e partir para a luta. Ao contrário dos ataques sem fundamento que o Bloco tem vindo a sofrer, a realidade social portuguesa é bem diferente. O Bloco não é um partido sectário e afigura-se cada vez mais como um partido capaz de reunir consenso e apoiar os movimentos sociais. Os resultados de 2009 são escassos em relação à verdadeira potencialidade existente na sociedade portuguesa para a construção de um Estado Social. O barómetro da rua é bem mais forte do que o barómetro contratado pelo PS (D). Por isso mesmo, e tomando como exemplo as palavras proferidas na VII Convenção do Bloco de Esquerda, “Se gostaste do 12 de Março, faz o teu 5 de Junho”. Não ficaremos impávidos e serenos enquanto o capital, na figura da troika nacional e internacional, nos rouba o futuro.

Cláudia Ribeiro

 

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