O PS não serve de oposição Versão para impressão
Terça, 12 Julho 2011
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O Partido  Socialista, que saiu derrotado nas últimas eleições legislativas, encontra-se agora numa posição diferente, é oposição. Mas é, todavia, questionável a sua posição como partido de oposição. Será um partido que assinou o mesmo acordo que os partidos no poder um verdadeiro partido de oposição?

Artigo de Diogo Barbosa

Não é possível conceber então o PS como sendo um verdadeiro partido de oposição nesta actual conjuntura. Seja o seu líder Francisco Assis ou António José Seguro, o PS não será certamente uma voz activa no que toca à real oposição a este Governo ultra liberal. Essa oposição ficará então confinada aos dois partidos que ainda estão colocados verdadeiramente à esquerda, sem capitalismo ético ou qualquer outro embuste criado por quem quer liderar o PS. A oposição será feita por quem defende, e sempre irá defender o Estado Social.

Como será um partido capaz de ser oposição se diz que vai cumprir com o acordo feito antes das últimas eleições legislativas? Como é óbvio, e sendo o PS um partido que quer voltar ao poder já nas próximas eleições, vai existir aquele encanto por parte do PS sobre as tão chamadas questões fraturantes, que ao contrário do que se vaticina por aí, ainda não se esgotaram. Vai existir também um encanto no ataque às políticas liberais que sejam tomadas pelo actual Governo que ultrapassem o acordo com a Troika, tudo porque não foi isso o acordado. Mas quando os salários e as pensões congelarem ou forem diminuídos lá levantará o PS a mão votando a favor de mais medidas que contribuem para a degradação social. Que oposição tão inútil que não é capaz de defender o básico dos básicos, o direito ao salário e a uma pensão justos, tanto pelo trabalho que é feito, como por aquele que já foi feito e merece ser recompensado.
Portanto é aqui que se torna complicado ver no PS um partido de oposição. Se o PS vai honrar os compromissos com a Troika vais desonrar os compromissos com o socialismo. E neste momento que resposta à esquerda senão uma alternativa socialista e anti capitalista? Não é com o capitalismo ético, ou moral, que se vai defender o Estado Social, é apenas uma via para a sua degradação ainda que de forma encapotada e um pouco mais lenta. Não poderá ser um partido de oposição aquele que vai votar a favor de todas as medidas propostas no acordo da Troika e que vão destruindo aos poucos o pouco que as pessoas já têm. Não poderá ser um partido que privatizou e galardoou os seus gestores com prémios milionários enquanto era governo, que vai agora ser a grande alternativa à esquerda ao ataque liberal.
Acreditar no PS agora é o mesmo que acreditar no Pai Natal, até podemos ficar à espera que ele apareça toda a noite, mas sabemos que nunca irá surgir como alternativa, da mesma forma que o Pai Natal nunca irá descer pela chaminé. O PS neste momento é o terceiro elemento da governação, o elemento que diz que não se pode criar agora instabilidade política, que é altura de dar sinais para o exterior.
O único sinal que se tem de dar agora é um sinal às pessoas, sendo firmes e lutando pelos interesses de todos e não apenas de alguns. Um sinal de uma esquerda forte sem ser apêndice do PS, tendo agenda própria, marcando posição e sendo intransigente no que toca à defesa dos salários, da escola e saúde pública, e de tantas outras coisas que são necessárias para que o país possa crescer em vez de ser cada vez mais um saco do lixo sem fundo.
O PS nos próximos quatro anos será um partido inútil porque estará sempre na linha da frente na defesa do acordo assinado e ao qual não poderá fugir. Ao não fugir ao acordo com a Troika está a fugir ao interesse da larga maioria dos portugueses, que é o direito a uma vida digna, com os seus direitos garantidos, que todo e cada um tenha igual oportunidade de estudar, de ter acesso à saúde. O PS será inútil porque vai ser como que mais um a governar, mas sem ter um lugar no poleiro. Que não se criem ilusões quando o PS for contra o governo, será esse o seu papel se quiser voltar a ser poder, não se criem ilusões acerca de um partido que ataca em vez de defender os interesses do povo.
A verdadeira oposição é uma oposição à esquerda que sempre esteve e sempre vai estar na linha da frente na defesa dos direitos das pessoas. Sempre pelo Estado Social.

 

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