Domingo, 20 Novembro 2011 |
O pensamento dominante, ou o pensamento capitalista veiculado pelos media, desvaloriza através dos seus canais de formatação ideológica o poder dos movimentos sociais e das suas representações. Vivemos um período em que cada acção é justificada pelo memorando da troika e pela necessidade de salvação nacional - qual revivalismo salazarista. Ora, os apelos de Passos Coelho à “paz social” não são, nada mais nada menos, do que a sua demonstração de medo. O social-democrata percebe bem o quão perigosa uma greve pode ser para os seus interesses. Merkel tem traçado o caminho para Portugal. No último congresso do seu partido foi aprovada uma moção que permite que um país possa abandonar “voluntariamente” a zona Euro sem que para tal tenha que abandonar a União Europeia. Na Holanda emerge um movimento que defende a criação de uma zona “neuro”. Por outras palavras, uma zona monetária que exclua os países da Europa do Sul – esses seres que vivem acima das suas possibilidades. Passos Coelho é um fantoche político. O ataque cerrado que os portugueses vão sofrer com as medidas inscritas no OE para 2012 é executado pelo PSD/CDS mas é, na realidade, encomendado pela troika. O objectivo da troika, principalmente pela mão dos nossos parceiros europeus, é fazer com que esta Europa e este Portugal voltem ao século passado no que a nível de vida e direitos toca. A Europa a duas velocidades não é desejável pelos “seus donos”. Assim sendo, chegou a hora de impor barreiras para separar a Europa de 1º classe e a Europa de 2º classe. Chegou a hora de agir. Esta semana veio a público um estudo realizado pela Delloite no qual se “comprovou” que os portugueses estavam resignados com a austeridade. Ora, que eu saiba, os estudos são realizados quando alguém os encomenda... Não requer muito esforço tentar perceber quem encomendou este. É irónico que um estudo “científico” tente refutar aquilo que se sente e se vive nas ruas. Os portugueses estão bem cientes do roubo de que estão a ser alvo. Os portugueses não se irão resignar. Desenganem-se aqueles que acreditam que uma greve geral não surte qualquer tipo de efeito. A greve geral assusta os mercados, assusta o capital. A greve geral fará com que a classe instalada no nosso governo, e com que os senhores da troika tremam! Só seremos explorados se assim o quisermos. Ainda vivemos numa democracia e, nas últimas eleições, não elegemos os mercados nem a troika como nossos legítimos representantes. Recusemo-nos a perder a soberania. Recusemo-nos a pagar uma dívida cujos contornos não conhecemos! Contra a destruição do Estado Social, do Ensino Público, do Sistema Nacional de Saúde. Contra a corrupção, contra o favorecimento ilícito do 1% que domina o Mundo. Que floresçam mil greves, mil protestos. Protestemos. Façamo-lo enquanto podemos. O plano para usurpar todos os direitos conquistados pelos trabalhadores ao longo da História está em marcha. Só assim poderemos controlar o nosso futuro. Não iremos assistir impávidos e serenos enquanto nos roubam o Futuro. Dia 24 de Novembro vamos parar Portugal.
Cláudia Ribeiro
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