A classe e o género da violência Versão para impressão
Quinta, 24 Novembro 2011

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Soubemos recentemente que a Alemanha lucrou já 9000 milhões de euros com a crise das dívidas soberanas. E já sabíamos que isso e muito mais lucraram e lucram empresas como a americana Halliburton com as guerras da NATO e o consequente WARfare State. Quem sempre perde são @s trabalhador@s e os povos. A violência do imperialismo capitalista faz-se sentir todos os dias e entra nas nossas casas.

Na Europa, outros números dão provas da falência de uma UE das potências e dos governos: 79 milhões de pobres, mais de 22 milhões de desempregadas e desempregados, 43 milhões de pessoas em risco de carência alimentar. Esses números só por si deviam envergonhar o Velho Mundo, que já tinha idade para ter juízo… Mas mesmo dentro desta desigualdade, mais desigualdade encontramos: uma significativa feminização do desemprego, da pobreza e da fome.

Em todos os tempos e em todos os lados a realidade é brutal quando as “crises” se abatem sobre os povos: são sempre as mulheres quem sofre primeiro e com maior intensidade a violência social e económica (às vezes física) do ataque. E como se não bastasse essa violência estrutural da economia capitalista associada ao patriarcado, persiste a discriminação “subjectiva” contra as mulheres, essa a violência de género que mesmo escondida e silenciosa se exerce de forma directa, uma violência física e psicológica que ainda é mascarada e tolerada por uma sociedade conservadora. O tráfico para exploração sexual e laboral ou a mutilação genital feminina são uma realidade não só global mas também local e a todos os níveis estes crimes têm de ser combatidos.

As diferentes formas de violência contra as mulheres chegam muitas vezes às últimas consequências. Só, em Portugal, nos últimos 7 anos (ainda sem 2011), morreram 250 mulheres vítimas de violência doméstica e de género: 40 mulheres em 2004, 34 mulheres em 2005, 36 mulheres em 2006, 22 mulheres em 2007, 46 mulheres em 2008, 29 mulheres em 2009, 43 mulheres em 2010. Com tantas agressões que por serem invisíveis são tão difíceis de combater, é inaceitável que a visibilidade estatística das mortes ao invés de indignar e enraivecer se entranhe e normalize como mais um cálculo.

Todos os números da realidade desmentem as bocas da reacção: o feminismo hoje não é uma arqueologia das heróicas lutas travadas pelas mulheres ao longo dos últimos séculos, é um combate actual, vivo, estupidamente (até quando?!) necessário e urgente. Em muitos momentos a luta feminista e os seus movimentos convergiram e ajudaram a construir esse longo caminho em direcção ao progresso que é a tarefa da esquerda socialista. Só poderia ser assim, reivindicando o presente sem nunca trair o futuro da luta emancipatória.

A indignação, a resistência e o protesto são um momento dessa luta emancipatória. É do interesse de tod@s @s oprimid@s enquadrar na luta de classes todas as opressões do capitalismo conservador. Elevar a consciência, defender posições e acumular forças faz parte da estratégia socialista para o progresso em todas as frentes.

Atingindo todas as mulheres sem excepção, ricas ou pobres, precárias, desempregadas ou estudantes, a violência de género está no ADN do sistema contra o qual lutamos todos os dias em todas as lutas da esquerda.

Pelo fim da violência, ontem estivemos na Greve Geral! Pelo fim da violência, hoje Marchamos, todas e todos, pelas mulheres!

Joana Mortágua

 socialista, mulher, feminista

 

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