21 dias perdidos, mas clarificadores… Versão para impressão
Terça, 23 Julho 2013

bandeira ao contrárioA situação política que vivemos desde a demissão de Vítor Gaspar em 1 Julho, logo seguida do pedido de demissão "não aceite" de Paulo Portas, é de molde a levar qualquer um a pensar que vive num país inventado.

 

Artigo de Francisco Alves – dirigente sindical

 

A reação, com ares de grande estadista, de Passos Coelho à demissão "irrevogável" de Portas, afirmando que não se demite, foi patética.

A cambalhota dum ministro de Estado, sem vergonha, que pressionado pelos seus pares de partido e por altos representantes do capital que faz e aceita este número, é verdadeiramente incrível.

O suposto acordo entre os partidos da coligação para a remodelação do governo, foi apresentado em 5 de Julho ao Presidente da República, choca com sua posição calculista de salvar a imagem que de forma surpreendente e confusa aponta aos partidos que assinaram o Memorando com a Troika que negoceiem um "compromisso de salvação nacional". Digno de um ilusionista, que em vez de tirar um Coelho da cartola o empurrou momentaneamente para a toca.

Respeitosa e veneradamente PSD, CDS e PS partem para umas negociações que à partida todos têm consciência de serem extremamente complicadas para terem um final feliz e ao gosto da Troika. Missão Impossível!

Essa foi a conclusão, que só ao fim duma semana chegou do líder do PS, que entretanto pelo meio, tinha rejeitado uma proposta do Bloco de Esquerda para a abertura de um processo de discussão e aprovação das bases programáticas de um governo de esquerda, sem qualquer condição prévia. O PS e as suas prioridades à direita.

Verdadeiramente à esquerda aconteceu um encontro entre o PCP e o BLOCO onde assumiram que há alternativas, que há outro caminho e vontade de convergência para esse caminho. A rejeição do Memorando e a exigência de renegociar a dívida são dois pontos comuns.

Num Estado em que o Presidente assumisse o seu dever de respeitar e fazer respeitar a Constituição e onde o poder político não se subordinasse ao capital financeiro e aos mercados, é sempre possível resolver as situações mais complexas dando a palavra ao povo, para que se pronuncie de forma clara através de eleições. É a democracia a funcionar.

Conhecemos bem os que não querem soluções democráticas e as suas verdadeiras razões para tal, se dúvidas houvesse estes dias de faz de conta, dissiparam-nas todas.

Cavaco Silva é um deles e anunciou 6 dias depois de ter perdido a sua aposta de acordo a três, que vai manter este governo em funções embora reconheça que não é a melhor solução. Aliás é a pior saída para esta crise.

As posições estão agora ainda mais claras!

O Presidente e o seu governo estão mais enfraquecidos e mais cedo que tarde vão ter de acontecer eleições antecipadas. A 8º e 9º avaliações da Troika e principalmente a elaboração e apresentação do Orçamento de Estado em Outubro são datas a fixar.

O que importa agora é que as lutas socio-laborais sejam elas, manifestações, protestos, greves setoriais ou a greve geral como a de 27 de Junho, que " mexeram" e agravaram as contradições no seio do governo e obrigaram à fuga do mentor da austeridade a todo o custo, se mantenham e intensifiquem. É preciso continuar a desgastar o governo.

Esta luta faz-se à escala nacional e também europeia, a situação que se vive na Grécia, Espanha, Itália, França, Chipre, embora com contornos diferenciados é na sua essência semelhante à que vivemos em Portugal.

Outubro deve ser o tempo para voltar a desencadear uma grande ação popular a exemplo do que fizemos no dia 14 de Novembro/2012, que junte todos os que em Portugal e na Europa rejeitam a austeridade e não desistem duma vida digna.

Temos tempo para a construir em unidade - sindicatos, movimentos sociais, partidos, porque é essa a nossa força, porque está nas nossas mãos.

Vamos ter de os continuar a abanar!

Francisco Alves – dirigente sindical

 

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