13 de Setembro: Há 20 anos, o segundo bloqueio da Ponte Versão para impressão
Sexta, 12 Setembro 2014

ponte 25 abril buzinãoComo afirmou o diretor da Visão, Cáceres Monteiro, de repente fez-se luz no seu espírito, com "três letrinhas apenas": UDP! (...) Mas o fator decisivo não foram sete automóveis. Foi a adesão espontânea e entusiástica de quase todos os utentes da Ponte.

 

Artigo de Alberto Matos

 

1 de Setembro de 1994: terminavam os dois meses "de borla" na portagem, decretados pelo ministro Joaquim Ferreira do Amaral, numa tentativa de acalmar os protestos após o primeiro bloqueio da Ponte 25 de Abril, em 24 de Junho.

Dois meses - Julho e Agosto - que não silenciaram o "buzinão" e foram bem aproveitados pela Comissão de Utentes para o reacender dos protestos, mal o pagamento de portagens fosse retomado. Às formas habituais de protesto - buzinadelas, marcha lenta, pagamento com sacos de moedas ou notas grandes - juntaram-se o "não pagamos" e, sobretudo, os bloqueios.

À meia-noite de 31 de Agosto para 1 de Setembro iniciou-se uma nova etapa da luta da Ponte. E logo com um reforço de peso: milhares de participantes no concerto de Pedro Abrunhosa, vindos do "Onda Parque" da Caparica, aceleraram pela "via verde"... e prego a fundo!

Não cabe aqui pormenorizar episódios de uma luta que os media trataram até à exaustão. Nesta edição de "A Comuna" deixo dois testemunhos da época: um artigo da revista Visão - "A LONGA MARCHA DA PONTE" - e outro que assinei na revista Perspectiva: "PONTE(s) PARA O FUTURO".

O primeiro peca por manifesto exagero, mas tem o mérito de revelar a forma como o governo cavaquista, vários setores burgueses e até dos media tremeram perante aquela luta imprevisível, segundo os seus cânones. Como afirmou o diretor da Visão, Cáceres Monteiro, de repente fez-se luz no seu espírito, com "três letrinhas apenas": UDP!

Na verdade, o movimento de utentes tinha ativistas de todo o espectro partidário, do CDS à UDP, passando pelo próprio PSD, pelo PCP e... pouca gente do PS, como tive ocasião de dizer a Mário Soares. A UDP também lá esteve, de alma e coração.

O facto de seis dos sete automóveis do "fotofinish" da primeira linha do bloqueio de 13 de Setembro serem conduzidos por militantes ou simpatizantes da UDP deveu-se, antes de mais, à falta de comparência de outros... Uma estória que talvez um dia mereça ser contada.

Mas o fator decisivo não foram sete automóveis, facilmente cilindráveis por milhares e milhares que, atrás deles, se dirigiam para mais um dia de trabalho. A chave do sucesso do grande bloqueio de 13 de Setembro foi a adesão espontânea e entusiástica de quase todos os utentes da Ponte.

Durante três dias a capital do país esteve literalmente sitiada a partir da margem sul, pondo a cabeça em água à bufaria incompetente do SIS e tirando o sono ao governo cavaquista, obrigado a convocar de emergência o Conselho Nacional de Segurança.

Esta a realidade do megabloqueio de 13 de Setembro, com réplicas até finais de 1994. O resto fica por conta da imaginação dos redatores da Visão e de quem tentou sem sucesso travar esta luta, agitando o espantalho de táticas guerrilheiras aprendidas há 30 anos nas matas da Guiné...

Alberto Matos

Imagem: A Revolta na Ponte

 

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