Do lado dos explorados |
Domingo, 27 Setembro 2009 | |||
O panorama político português nos pós 25 de Abril sofreu pela primeira vez uma alteração de fundo. Em 30 anos de democracia apenas PS e PSD, com a ajuda do CDS/PP pelo meio, tomaram as rédeas do poder, governando o país á direita, cada vez mais á direita, até atingirmos o auge do neo-liberalismo. Primeiro com Barroso e agora com Sócrates, o país mergulhou de cabeça na vertigem da globalização da política neo-liberal. A Esquerda nunca foi além do contra-poder, do protesto, da pressão sindical. A crise que se instalou em Portugal, resultado destes 30 anos de políticas erradas resultou num novo olhar dos cidadãos sobre a política. Esse olhar busca o quê? A alternativa. A alternativa ao que foram estes anos de progresso de fachada, às políticas do pensamento único. É sobre essa procura que procuramos reflectir com este texto. À direita surge o populismo barato com apoio na xenofobia, generalidades boçais e um grande aproveitamento da pouca politização do eleitorado. A par da fuga do PSD para o centro em busca de uma base eleitoral que lhe permita ser governo, o PP aproveitou a onda de extrema-direita que tem vindo a crescer na Europa. Sempre que o desemprego sobe, a popularidade da extrema-direita dispara. O argumento do estrangeiro que vem “roubar” o emprego ao nacional e a meritocracia têm sido as teses principais que servem este partido político. À esquerda afirma-se um fenómeno novo, o Bloco de Esquerda. Em 10 anos de existência tem crescido de eleição para eleição. Primeiro como partido de protesto, apoiado nas causas fracturantes e em questões de liberdades e direitos, agora como a alternativa não à esquerda como se diz, mas ao status quo. Muitas pessoas dos diversos quadrantes políticos se revêem hoje no Bloco de Esquerda. Muitos dos votos de hoje no Bloco de Esquerda não vêm do PS, ao contrário do que se possa pensar. Muitos vieram do PS certamente, em especial os dos professores que nunca voltarão a votar PS enquanto Sócrates por lá estiver e dos precários. Muitos dos votos do Bloco de Esquerda vêm da anterior abstenção. Vêm dos primeiros votantes, dos pensionistas, de muitos sociais-democratas descontentes com a perca de poder de compra e afogados em créditos. É o voto pela alternativa social, pela mudança do “establishment”. Mais do que uma alteração de ideologias as pessoas procuraram uma mudança de fundo e para isso confiaram no Bloco de Esquerda; também por culpa do seu líder ser considerado como um brilhante economista. Os eleitores procuraram alguém que consiga “pôr o eléctrico de volta nos carris”. Uma alternativa séria, responsável e coerente. Quiseram delegar as suas decisões em quem está realmente interessado em trazer de volta a governabilidade ao país e a credibilidade à política. Assim cresceu esta força política, consolidando o seu lugar na luta social em Portugal, espreitando a altura em que PS e PSD, partidos com práticas ideológicas semelhantes, se fundirão numa só frente. Nessa altura, concerteza o Bloco de Esquerda irá agregar todas as forças que estão à esquerda. Provavelmente nas próximas legislativas iremos assistir à reedição da omnipresente luta de classes. Quem estiver do lado dos explorados, irá impreterivelmente encontrar o Bloco de Esquerda ao seu lado. Até lá! Francisco Silva
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A Comuna 33 e 34
A Comuna 34 (II semestre 2015) "Luta social e crise política no Brasil" | Editorial | ISSUU | PDF
A Comuna 33 (I semestre 2015) "Feminismo em Ação" | ISSUU | PDF | Revistas anteriores
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