Temos assistido nos últimos dias a uma autêntica cruzada contra a Wikileaks, esta agência noticiosa sem fins lucrativos (ver mais informação em: http://en.wikipedia.org/wiki/Wikileaks), tem revelado uma série de documentos secretos de várias agências e gabinetes do governo dos Estados Unidos da América, que expõem os meandros da sua politica externa. As revelações da Wikileaks nada acrescentam à análise que muitos fazem da politica externa dos EUA, já sabíamos através de várias fontes que foram e são cometidos crimes de guerra hediondos no Iraque e no Afeganistão pela máquina de guerra "norte americana" e pela NATO, não é novidade para ninguém que Angela Merkel não prima pela imaginação, que Khadafi  tem uma grande pancada, ou que a escala em Portugal dos voos da CIA com prisioneiros para Guantanamo afinal foi autorizada pelo nosso Governo. Se todas estas "revelações" se revestem de uma certa banalidade, qual é afinal a razão para toda esta agitação ?

Todos sabemos que no sistema capitalista os interesses económicos se sobrepõem muitas vezes aos direitos humanos, no fundo os meios são justificados em função de objectivos económicos, esta é a verdade inconveniente que ninguém quer admitir e para tal é fundamental o controlo dos meios de comunicação social. A dissidência da Wikileaks é preocupante para o governo dos EUA e seus aliados, na medida em que quebraa unanimidade sobre muitos temas de natureza política, revela que nas suas fileiras há quem esteja disposto a revelar os seus podres apesar do secretismo e porque consegue difundir informação a milhões de pessoas através da Internet sem o filtro dos Órgãos de Comunicação Social dependentes das receitas publicitárias.

Não deixa de ser surpreendente que toda esta revolução no acesso a fontes de informação seja possível graças a uma rede de computadores criada 1969 (ARPANET) pelo departamento de defesa dos EUA e que neste momento o sitio na Internet da wikileaks, www.wikileaks org, tenha sido sabotado e esteja indisponível. Esta realidade vem revelar que a liberdade de expressão na Internet está ameaçada, também no dito mundo livre,  e que o controlo dos domínios da rede (.org, .net, .com) e das suas infraestruturas deveria ser democratizado.