Faz hoje 37 anos que nasceu a União Democrática Popular.

Foi um Dezembro diferente, aquele de 1974 para @s que nos últimos meses tinham vivido a alegria contagiante da revolução de Abril e as grandiosas acções de massas que se lhe sucederam.

A intensidade com que os activistas dos pequenos grupos marxistas que se tinham formado na última década, viveram esses primeiros meses de liberdade e democracia, muito rapidamente nos fez perceber que não poderíamos esperar nada do PS, que evidenciava uma clara colagem aos partidos de direita e ao poder do Império Americano, nem tão pouco do PCP cuja acção e atitude mostravam a sua pretensão de controlo sobre todas as lutas e movimentos, estigmatizando e apelidando de “agentes da reacção” todos os que não obedecessem ao seu comando e teoria de partido único.

Por outro lado, também a dispersão em diversos grupos marxistas era em si um factor de divisão que não respondia aos anseios e aspirações de unidade que por todo o lado era reclamada.

Foi partindo desta realidade que a nova força anunciada a 16 de Dezembro no Teatro Capitólio se constituiu.

Uma frente eleitoral, de unidade, com um programa marxista em torno do qual se disputariam as eleições à Constituinte do ano de 1975 mas que tivesse também a capacidade de se alargar a outros sectores da esquerda.

A UDP viveu o seu tempo enquanto partido. Percorreu o seu caminho que nem sempre foi linear. Repetiu por algumas vezes os erros do sectarismo e dogmatismo tão recorrentes na esquerda, mas também foi sendo capaz de revisitar o marxismo e adequá-lo aos tempos modernos.

Pesem embora todas as vicissitudes conseguiu fazer emergir e criar raízes num projecto ideológico que é seu património.

Contribuiu decisivamente para a formação do partido que é hoje o Bloco de Esquerda.

Esquerda ampla, de convergências múltiplas, que não espera nada do PS nem ficará à espera do PCP.

Mas em tempo de aniversário, sendo indispensáveis os parabéns porque valeu a pena, também é tempo de continuar e aprofundar o lema da nossa génese “ Servir o Povo e nunca se servir dele”, porque isto quer dizer Socialismo.