Se o orçamento do ano passado desafiou todos os limites de má gestão, de absoluta insensibilidade social, de total cegueira ideológica, o orçamento para este ano ultrapassou, sem se esforçar, tudo isto e muito mais. A maioria PSD/CDS apresentou ao país e aos portugueses, mais uma vez, um chorrilho de medidas economicamente desastrosas, que apenas terão o efeito de agravar a recessão, prolongar a crise e dar de vez o pontapé final para lançar o país num poço sem fundo. Mais cortes no rendimento dos trabalhadores e pensionistas, apesar da tentativa de os mascararem com o pagamento de duodécimos, mais impostos, mais despedimentos, uma vida infinitamente mais difícil é os que os portugueses enfrentam em 2013 depois de um 2012 em que se pensava já ter atingido todos os limites. A razão que leva o Governo a insistir numa política que todos sabem não resultar e que levanta oposição da maior parte dos sectores da sociedade, dos médicos aos professores, dos funcionários públicos aos privados, dos patrões aos ferroviários, tem levantado grandes discussões. Uns dizem que o Governo é incompetente, não sabe o que faz nem o que fazer e que toldado pela bebedeira do neoliberalismo acredita de facto que está a agir em nome do povo e a fazer o possível para 'salvar' o país. Todos vêem que o Governo está bêbado, menos ele próprio. Outros, defendem que o Governo sabe muito bem o que faz, e que todas as medidas que cria decorrem de objetivos ideológicos cuidadosamente estipulados que pretendem assegurar os seus interesses próprios e os dos seus comparsas. Por alguma razão nos fazem pagar a todos as negociatas com o BPN, BANIF e de certeza que há mais no rol. Eu defendo uma terceira hipótese que sinceramente me parece a mais acertada. O governo tem toda a consciência da sua incapacidade e não sabe o que fazer e como fazer. Já se enterrou em tantas contradições, já foi apanhado em tantas mentiras que nem o ar mais cândido e pesaroso convencem seja quem for. Por outro lado, não admite a derrota. Reconhecer a sua incompetência e optar pela demissão está fora de questão. A única solução parece ser a de fazer tudo o que a imaginação permitir para que o povo o demita e o ponha no olho da rua. Só esta hipótese explica as 'ideias' com que este governo nos tem brindado nos últimos tempos. Para além dos cortes na despesa, dos despedimentos, das privatizações – medidas, convenhamos, já mais que vistas, aborrecidas, corriqueiras e sem a menor ponta de originalidade, este governo tem lançado para o ar diversas medidas que de tão ridículas, de tão estúpidas, de tão insanas, nos levam a questionar se estaremos a ser governados por um grupo de gente acometida de demência senil. Continuo a defender, que pelo contrário, tudo faz parte de um plano estrategicamente orquestrado pelo Governo com o objetivo de ser posto no olho da rua. Começou pela TSU. Apresentada com toda a seriedade não convenceu ninguém e pôs meio povo na rua a protestar. Imagino os sentimentos daqueles ministros e daqueles secretários de Estado, de olhos pregados no ecrã, num misto de antecipação e alívio por o plano estar a correr como previsto. “É desta Gasparzinho” – parece que oiço o Passos a falar. “É desta que nos põem daqui para fora. Não tarda estamos livres, Gasparzinho. Não desesperes.” Afinal não foi dessa, mas o Governo não desistiu e temos de reconhecer que não lhes falta criatividade. O governo quer que o povo corra com ele e não está com meias medidas. Seguiu-se a ideia das propinas no ensino secundário e do cheque ensino. Depois a ideia dos trabalhadores pagarem para ser despedidos. Primeiro a redução para vinte dias de indemnização por despedimento. Agora propõem doze e a seguir proporão que sejam os trabalhadores a pagar pelo seu próprio despedimento. Fala-se também da ideia do despedimento de (mais) uns milhares de funcionários públicos. Professores, militares, de tudo um pouco. Como esta ideia é daquelas já um pouco usadas, sem brilho e sem originalidade, o governo e o FMI salpicaram-na com uns pozinhos de perlimpimpim: faz-se um exame nacional online para ver quem fica e quem sai. Não consigo decidir-me qual pesa mais. Se a estupidez, se o ridículo destas medidas. Por isso, nada me tira da ideia que tudo isto não faça parte de um plano do governo para ser corrido a pontapé. É que só pode! E eles bem se esforçam. Quase todas as semanas lá vem um deles a correr esbaforido, de olhos brilhantes, corado pela excitação a gritar para outros: “Já sei! Já sei! Tive outra ideia. É desta que o povo corre connosco!” Caro povo, parece-me que é feio, já para não falar em desumano, continuar a manter os membros deste governo em tão grande sofrimento. Vamos lá fazer-lhes a vontade e pô-los daqui para fora?
Sandra Cunha
A terceira hipótese
Se o orçamento do ano passado desafiou todos os limites de má gestão, de absoluta insensibilidade social, de total cegueira ideológica, o orçamento para este ano ultrapassou, sem se esforçar, tudo isto e muito mais. A maioria PSD/CDS apresentou ao país e aos portugueses, mais uma vez, um chorrilho de medidas economicamente desastrosas, que apenas terão o efeito de agravar a recessão, prolongar a crise e dar de vez o pontapé final para lançar o país num poço sem fundo.
Mais cortes no rendimento dos trabalhadores e pensionistas, apesar da tentativa de os mascararem com o pagamento de duodécimos, mais impostos, mais despedimentos, uma vida infinitamente mais difícil é os que os portugueses enfrentam em 2013 depois de um 2012 em que se pensava já ter atingido todos os limites.
A razão que leva o Governo a insistir numa política que todos sabem não resultar e que levanta oposição da maior parte dos sectores da sociedade, dos médicos aos professores, dos funcionários públicos aos privados, dos patrões aos ferroviários, tem levantado grandes discussões.
Uns dizem que o Governo é incompetente, não sabe o que faz nem o que fazer e que toldado pela bebedeira do neoliberalismo acredita de facto que está a agir em nome do povo e a fazer o possível para 'salvar' o país. Todos vêem que o Governo está bêbado, menos ele próprio. Outros, defendem que o Governo sabe muito bem o que faz, e que todas as medidas que cria decorrem de objetivos ideológicos cuidadosamente estipulados que pretendem assegurar os seus interesses próprios e os dos seus comparsas. Por alguma razão nos fazem pagar a todos as negociatas com o BPN, BANIF e de certeza que há mais no rol.
Eu defendo uma terceira hipótese que sinceramente me parece a mais acertada. O governo tem toda a consciência da sua incapacidade e não sabe o que fazer e como fazer. Já se enterrou em tantas contradições, já foi apanhado em tantas mentiras que nem o ar mais cândido e pesaroso convencem seja quem for. Por outro lado, não admite a derrota. Reconhecer a sua incompetência e optar pela demissão está fora de questão. A única solução parece ser a de fazer tudo o que a imaginação permitir para que o povo o demita e o ponha no olho da rua.
Só esta hipótese explica as 'ideias' com que este governo nos tem brindado nos últimos tempos. Para além dos cortes na despesa, dos despedimentos, das privatizações – medidas, convenhamos, já mais que vistas, aborrecidas, corriqueiras e sem a menor ponta de originalidade, este governo tem lançado para o ar diversas medidas que de tão ridículas, de tão estúpidas, de tão insanas, nos levam a questionar se estaremos a ser governados por um grupo de gente acometida de demência senil.
Continuo a defender, que pelo contrário, tudo faz parte de um plano estrategicamente orquestrado pelo Governo com o objetivo de ser posto no olho da rua. Começou pela TSU. Apresentada com toda a seriedade não convenceu ninguém e pôs meio povo na rua a protestar. Imagino os sentimentos daqueles ministros e daqueles secretários de Estado, de olhos pregados no ecrã, num misto de antecipação e alívio por o plano estar a correr como previsto. “É desta Gasparzinho” – parece que oiço o Passos a falar. “É desta que nos põem daqui para fora. Não tarda estamos livres, Gasparzinho. Não desesperes.”
Afinal não foi dessa, mas o Governo não desistiu e temos de reconhecer que não lhes falta criatividade. O governo quer que o povo corra com ele e não está com meias medidas. Seguiu-se a ideia das propinas no ensino secundário e do cheque ensino. Depois a ideia dos trabalhadores pagarem para ser despedidos. Primeiro a redução para vinte dias de indemnização por despedimento. Agora propõem doze e a seguir proporão que sejam os trabalhadores a pagar pelo seu próprio despedimento. Fala-se também da ideia do despedimento de (mais) uns milhares de funcionários públicos. Professores, militares, de tudo um pouco. Como esta ideia é daquelas já um pouco usadas, sem brilho e sem originalidade, o governo e o FMI salpicaram-na com uns pozinhos de perlimpimpim: faz-se um exame nacional online para ver quem fica e quem sai.
Não consigo decidir-me qual pesa mais. Se a estupidez, se o ridículo destas medidas. Por isso, nada me tira da ideia que tudo isto não faça parte de um plano do governo para ser corrido a pontapé. É que só pode! E eles bem se esforçam. Quase todas as semanas lá vem um deles a correr esbaforido, de olhos brilhantes, corado pela excitação a gritar para outros: “Já sei! Já sei! Tive outra ideia. É desta que o povo corre connosco!”
Caro povo, parece-me que é feio, já para não falar em desumano, continuar a manter os membros deste governo em tão grande sofrimento. Vamos lá fazer-lhes a vontade e pô-los daqui para fora?
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