Moro numa cidade pequena onde o assunto "praxes" é um pouco sensível. Isto porque a escola superior que temos exagera bastante no que toca a esse procedimento.

Que eles façam flexões e abdominais a mim não me incomoda muito, até estão numa escola superior de desporto, portanto "força nisso"! Que eles andem com placas a intitular-se de porcos também não, embora ache lamentável... Nem mesmo os seus cânticos me incomodariam muito se esta tradição não fosse tão demorosa. Pois é, o problema é que, de facto, demoram muito tempo, meses e meses.. O problema é que eles cantam e berram até de madrugada. O problema é que aqueles "malditos" caloiros têm boas vozes que chegam ao suposto sossego do meu quarto.

Enfim... Consequentemente a minha  ideia era não participar nesta tradição quando viesse para a faculdade, porém mudei de ideias visto que no curso para onde ia a praxe era só de um dia e, bem, era Direito, tive esperança que fossem mais sérios.

Enganei-me... Pessoalmente não me posso queixar muito, poderia ter sido bem pior. O que me incomodou particularmente foi aquilo que vi fazerem a outras pessoas. Aliás, incomodou-me ao ponto de só desejar sair dali e não comparticipar mais naquilo que acredito ter feito alguns jovens, talvez com pouca autoestima, ter ficado com ainda menos.

Tinha ouvido dizer que as praxes serviam para integrar os novos colegas e era essa a minha ideia de praxes, todavia, na minha opinião, o que vejo é apenas humilhação e, a cima de tudo, vingança. Vingança dos veteranos pela sua humilhação enquanto caloiros. Tenho a sensação que o pensamento é "hás-de sofrer como eu sofri ou ainda mais".

Realmente, que maneira simpática de nos integrarem...

Inês Ferreira, estudante universitária

Foto: Praxe, nfcastro/ flickr