96 anos após a Revolução soviética de 1917 |
Quinta, 14 Novembro 2013 | |||
A revolução de 1917 concretizou a utopia dos explorados, tornou-se realidade. Outro mundo era possível, sem explorados, nem exploradores, em que o caminho para um 'mundo de pão e rosas' se abria como uma possibilidade real e um objectivo final, que parecia ao alcance de uma geração. Artigo de José Casimiro Marx com Engels ao elaborarem o "Manifesto do Partido Comunista", deram um contributo e exerceram uma influência decisiva no movimento operário e comunista embrionário de meados do século XIX, marcando uma época que atravessou os tempos. O socialismo científico e a luta de classes como o motor da história e a missão histórica do proletariado de derrube do capitalismo e de construção do socialismo. O século XX, inicia-se praticamente, com o triunfo na Rússia da Revolução Socialista, sob a direção do Partido Comunista liderado por Lenine, foi há precisamente 96 anos, no dia 7 de Novembro de 1917. A revolução triunfante em 7 de novembro, abriu uma nova época no mundo na história da humanidade. O socialismo tornou-se uma das contradições essenciais da época, ao lado da luta de classes entre o capital e o trabalho, do conflito entre o imperialismo e os povos e nações e das próprias contradições interimperialistas, de que resultaram as revoluções nacional-libertadoras dos povos colonizados, é o cunho que marca o século XX. A Revolução de 1917 teve grande impacto político e ideológico, decisivo para a derrota do mais feroz inimigo da humanidade – o nazi-fascismo – e para a criação do que ficou designado como o «bloco socialista de leste», a revolução chinesa, cubana e vietnamita. Ao comemorarmos mais um aniversário da Revolução Russa e do proletariado mundial, importa fazer uma "análise concreta de situação concreta" (Lenine) A revolução de 1917 concretizou a utopia dos explorados, tornou-se realidade. Outro mundo era possível, sem explorados, nem exploradores, em que o caminho para um 'mundo de pão e rosas' se abria como uma possibilidade real e um objectivo final, que parecia ao alcance de uma geração. Para os comunistas, a Revolução triunfante em 1917 será sempre uma fonte de inspiração nos combates que realizamos, sob novas condições, na resistência à feroz ofensiva do sistema capitalista contra os trabalhadores e os povos e para abrir caminho à nova luta pelo socialismo. Em 1989, ruíu o antigo bloco soviético, assistiu à queda brutal do socialismo real e à vitória dos EUA e do capitalismo a nível mundial. A derrocada é o produto da derrota do socialismo face ao capitalismo, através de um longo processo de fossilização do marxismo, e de apodrecimento total das diferentes nomenklaturas dos outrora partidos comunistas e dos Estados socialistas. Quem morreu com o socialismo real não foi o comunismo, nem o marxismo. Foi a sua fossilização pelo dogmatismo. E foi necessária a derrota, para que o debate de ideias e as transformações começassem nos comunistas, um pouco em todo o mundo. A acensão do neoliberalismo e do imperialismo global A crise económica mundial de 1973/5 trouxe no seu seio um capitalismo em profundas transformações assentes numa revolução técnico-científica, transformações que visavam a superação da crise em que se encontrava atolado e, ao mesmo tempo, superar e derrotar o comunismo mundial. O imperialismo global trouxe-nos um mundo dominado pela superpotência Estados Unidos, em tríade, com a União Europeia e o Japão. Emerge, entretanto, os BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) que nada muda, sobre a evolução e o carácter do imperialismo global. Por ocasião da Cimeira de Copenhaga (2009), o G2 (China-EUA) consolida-se como novo eixo do imperialismo, com a deslocação do centro geopolítico e geoeconómico para o pacífico, a Europa perde posição no xadrez global. A década de 80, trouxe-nos ainda, com a revolução informática, o início profundas transformações no mundo do trabalho nos países mais avançados do capitalismo. Duas décadas de grande salto tecnológico, com a automação, a robótica e a microelectrónica que elevam como nunca a produtividade, operando cada vez mais a substituição de trabalho vivo por trabalho morto. A política neoliberal no comando veio acentuar a tendência para a individualização das relações laborais, para a segmentação e/ou estratificação dos trabalhadores, para a precarização laboral e mesmo para a marginalização do trabalho e do social. O movimento dos trabalhadores enfrenta uma profunda ofensiva ideológica, com convicções abaladas que urge superar; a perda momentânea de perspectivas de transformação social coloca novas dificuldades à tarefa de unir os trabalhadores. A passagem progressiva dos padrões produtivos tayloristas e fordistas às formas flexíveis de produção estabeleceu novas formas de organização na empresa, possibilitando melhores condições de trabalho e um novo enquadramento do trabalhador, com conhecimentos ampliados. No entanto, no quadro da globalização capitalista, tais perspectivas são reduzidas à disponibilidade permanente do trabalhador e a sua subordinação aos valores da "cultura de empresa". Uma classe trabalhadora mais jovem, com maior capacidade intelectual e potencialidades para compreender a exploração a que é sujeita, está em melhores condições de reforçar a sua centralidade no processo produtivo. As alterações no mundo laboral têm-se vindo a acelerar, em resultado da internacionalização dos processos produtivos, da divisão internacional do trabalho, da cooperação internacional e consequentes tendências de integração - marcas do desenvolvimento civilizacional mas também de uma forte polarização social. Afirmar a centralidade e unidade do trabalho em que o proletariado se amplia e produz novas formas de criação do valor, é uma tarefa dos comunistas na luta pela transformação social e o socialismo. È fundamental caminhar para a fusão do movimento das ideias socialistas, com o movimento espontâneo do proletariado, em que o partido comunista é a sua materialização, para as necessárias, novas respostas revolucionárias. Vivemos em dias da "barbárie" do capitalismo austeritário, de uma brutal exploração do trabalho e de uma tranferência, sem precedentes, dos rendimentos do trabalho para o capital, assumidos pelo governo PSD/CDS e pela troika. 96 anos após a Revolução soviética de 1917 e 163 anos após o "Manifesto Comunista" a luta do proletariado pela afirmação do socialismo científico e a luta de classes como o motor da história, pelo derrube do capitalismo e a construção do socialismo, permanece perfeitamente atual. Com o seu modestíssimo contributo, a UDP – AP vai prosseguir na sua tarefa, "quer faça sol, quer faça chuva!", indispensável para o Bloco de Esquerda: a sua existência e a sua identidade própria de corrente comunista que promove o resgate, o aprofundamento e atualização permanentes do marxismo, através da revista "A Comuna" e de outros instrumentos de divulgação. A atualização das teses sobre o imperialismo, a crise do capitalismo, a revolução, o Estado de direito socialista e o pensamento marxista sobre as várias contradições sociais e as lutas emancipatórias são tarefas coletivas a prosseguir.
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A Comuna 33 e 34
A Comuna 34 (II semestre 2015) "Luta social e crise política no Brasil" | Editorial | ISSUU | PDF
A Comuna 33 (I semestre 2015) "Feminismo em Ação" | ISSUU | PDF | Revistas anteriores
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