O Presidente da República acaba de envolver a França numa operação criminosa contra um povo que luta pela sua sobrevivência: o povo palestiniano.

Artigo de José Fort

Expressando "solidariedade da França" para com Israel, sob o pretexto do lançamento de rockets a partir de Gaza, sem proferir uma única palavra sobre os atentados, assassinatos, invasões e ataques racistas em Gaza e na Cisjordânia ocupada, o Presidente da República acaba de envolver o nosso país numa operação criminosa contra um povo que luta pela sua sobrevivência: o povo palestiniano.

Pior que isso. Ao afirmar que cumpre "ao governo de Israel tomar todas as medidas para proteger a sua população face às ameaças", o Presidente da República está a incitar à guerra. Não se trata apenas de cumplicidade. Trata-se do envolvimento oficial da França no campo da direita israelita. Agora, Paris já não se limita a fórmulas diplomáticas quando descreve as ações israelitas como "desproporcionais". Paris opta abertamente pelo campo do confronto, da destruição, do assassinato e da prisão em massa. As autoridades francesas aceitam que cidadãos franceses incorporem um exército estrangeiro (o Exército israelita) violando assim o direito internacional.

As autoriades francesas aceitam um muro de perto de 700 km, uma construção condenada pelas instâncias internacionais. As autoridades francesas aceitam o apartheid instaurado na Cisjordânia ocupada. As autoridades francesas aceitam e incitam à guerra, quando todos os esforços deveriam ser pela cessação da violência e a construção da paz. François Hollande escolheu o seu lado. Esta não é a paz israelita. Muito menos a do povo palestiniano martirizado, esquartejado,  reprimido.

José Fort

internacionalista apaixonado pelo mundo, jornalista, antigo chefe da secção mundial de l'Humanité.

Publicado em l'Humanité e traduzido por Bruno Góis para A Comuna

Imagem: President of France, François Hollande - flickr.com/g8uk