Ninguém pergunta pelo Dimar? |
Sexta, 30 Janeiro 2015 | |||
No rescaldo das eleições parlamentares gregas cabe perguntar pelo famigerado partido Dimar, "Esquerda Democrática". De facto, concorreu coligado com um grupo verde e obteve 0,49% dos votos, sendo varrido do Parlamento.
Artigo de Luís Fazenda
Assim termina a triste aventura dos dissidentes do Synaspismos (principal componente do Syriza) que pretendiam entender-se com o Pasok (da Internacional Socialista) para formar um governo de centro-esquerda e acabar com os pressupostos "tabus" de governação de Tsipras e outros, que então encabeçaram o Synaspismos. Como se recorda, o Dimar acabou mesmo por participar, juntamente com o Pasok, no Governo, agora derrotado, da Nova Democracia (conservadores) e partilharam a responsabilidade dos pacotes sucessivos de austeridade lançados sobre o povo grego. É certo que a história política próxima da Grécia e de Portugal é diferente, apesar do jugo comum da troika. Contudo, é bem possível aparentar o sobredito Dimar ao partido Livre/Tempo de Avançar, nem por acaso Rui Tavares apoiou entusiasticamente esta força política grega. Avançar para "influenciar a governação" depende do Governo, programa, orientação e composição, já se disse mil vezes. O Syriza não quis, ainda antes da crise da dívida, influenciar o Pasok e teve votações na casa dos 4%. A suposta ausência de vocação governativa do Syriza terminou ontem e, no entanto, não se ouve um murmúrio daqueles que na esquerda andam há mais de uma década a repetir o aforismo do TINA (There Is No Alternative, terá dito a sra. Thatcher), a não ser fazer a "negociação" com um qualquer PS subordinado aos ditames da União Europeia. O engraçado desta inquietação é termos visto Rui Tavares e companhia alargada a querer "embandeirar em arco da governação" com a vitória do Syriza, quando nem sequer defendem para lusa aplicação nenhum dos pontos fundamentais do seu programa. Por cá há mais queda para a comédia. Ao menos, António Costa teve mais recato, achando que a boleia grega lhe pode abrir espaço à ilusória leitura inteligente dessa coisa estúpida e imperialista (chavão) que dá pelo nome de Tratado Orçamental. A vocação para ser governo depende de uma maioria social e de uma hegemonia política, seguramente partilhada, em volta das reivindicações populares. Essa é a política como bloco popular. O que é uma maioria social? Olhem para Atenas por estes dias. O "meio da esquerda" é meia-dose de nada. Luís Fazenda artigo publicado originalmente em esquerda.net
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A Comuna 33 e 34
A Comuna 34 (II semestre 2015) "Luta social e crise política no Brasil" | Editorial | ISSUU | PDF
A Comuna 33 (I semestre 2015) "Feminismo em Ação" | ISSUU | PDF | Revistas anteriores
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