Flashes sobre as desigualdades da orientação sexual Versão para impressão
Quinta, 24 Dezembro 2009

(...) À esquerda socialista e a todos que sabem que os/as homossexuais não são incapacitados de exercer paternidade ou maternidade, nem tampouco de se reproduzirem, só pode caber o papel de denunciar e combater todas as formas de discriminação, de dominação e de exploração humana.

Artigo de Pedro Pombeiro

“A forma particular de dominação simbólica de que são vitimas os homossexuais, feridos de um estigma que, diferentemente da cor da pele ou da feminidade, pode ser escondido (ou exibido), impõem-se através de actos colectivos de categorização que fazem existir diferenças significativas, negativamente marcadas, e por meio destas grupos, categorias sociais estigmatizadas. Como certas espécies de racismo, toma nesta caso a forma de uma denegação de existência pública, visível. A opressão como “inviabilização” traduz-se por uma recusa da existência legítima, pública, quer dizer conhecida e reconhecida, nomeadamente pelo direito, e por uma estigmatização que nunca se mostra tão claramente como quando o movimento reivindica a visibilidade.” Pierre Bourdieu, 1999 in A Dominação Masculina

 Os mais conservadores e reaccionários.

Mário Pinto, cronista do Público que assina enquanto professor universitário, no passado 16 de Dezembro escreveu na sua crónica a propósito do casamento homossexual o seguinte:

“Pelo menos no aspecto essencial da reprodução, uma união de um «par homossexual» não é igual a uma união de um «casal humano»”.

Mário Pinto por ser uma força natureza e devido à sua clarividência, consegue congregar nesta afirmação os aspectos mais essenciais do conservadorismo e do reaccionarismo mais radical que pode existir. A síntese da pior maneira de colocar o debate está aqui expressa na oposição entre os casais humanos e os pares homossexuais(não humanos). Como o debate não é teológico, sobre estes argumentos não há debate possível ao nível politico.

A direita parlamentar.

Os/as homossexuais podem juntar-se aos pares mas só se for em união civil e de preferência se houvesse um referendo. O que quer dizer que na prática apesar de não fazerem publicamente uma consideração sobre a “humanidade” da espécie homossexual consideram que não devem ter o direito de casar, isso para eles é coisa de heterossexuais.

O governo “socialista”.

Os “socialistas” do nosso governo capitalista são pelos direitos iguais na teoria e pela discriminação na prática. Primeiro prometem aprovar nesta legislatura o que chumbaram na anterior, ou seja, o direito a haver casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Agora preparam-se para o fazer inventando uma nova forma de descriminação e legislando sobre ela, podem casar os/as homossexuais mas estão proibidos de adoptar. Não tecendo também eles considerações sobre a “humanidade”  da espécie homossexual, ela é nos seus pressupostos incapaz de cumprir os requisitos e as competências que se exige a um casal “normal” para que possam ter o direito de adoptar. Podemos dizer que remetem os homossexuais para humanos com direitos de 2ªcategoria, na posse só de alguns direitos. O casamento homossexual segundo o modelo do PS vai criar legislação nova que institucionaliza novas formulações de descriminação social ainda mais grave: a ideia de que gays e lésbicas não são pessoas capazes de cuidar e educar crianças.

Três linhas de pensamento, o mesmo preconceito.

Nas três linhas de pensamento e posicionamento anteriores algo é transversal, a ideia de que os/as homossexuais devem ter menos direitos que os heterossexuais. Toda a hipocrisia deste preconceito reflecte-se no facto de que se os/as homossexuais esconderem que são homossexuais e fingirem um casamento ou uma união heterossexual já podem nesse caso adoptar. É esta dominação simbólica que está sempre presente, aquela que remete para a ocultação a existente diversidade de orientações sexuais.

À esquerda socialista e a todos que sabem que os/as homossexuais não são incapacitados de exercer paternidade ou maternidade, nem tampouco de se reproduzirem, só pode caber o papel de denunciar e combater todas as formas de discriminação, de dominação e de exploração humana.

 

A Comuna 33 e 34

A Comuna 34 capa

A Comuna 34 (II semestre 2015) "Luta social e crise política no Brasil"EditorialISSUUPDF

 capa A Comuna 33 Feminismo em Acao

A Comuna 33 (I semestre 2015) "Feminismo em Ação"ISSUU | PDF | Revistas anteriores

 

Karl Marx

 

 
 

Pesquisa


Newsletter A Comuna

cabeca_noticias

RSS Esquerda.NET