Moldávia: quando o povo apoia o que a elite não quer |
Terça, 13 Julho 2010 | |||
Pouco interessa se o PC moldavo foi o único partido que sempre aceitou o resultado que obteve em qualquer eleição no país, o que na verdade importa é limpar do mapa uma força política maioritária na sociedade que estorva a elite moldava. Artigo de Fabian Figueiredo
Em Abril de 2009 houve eleições
para o Parlamento da Moldávia, o Partido Comunista
conseguiu um total de 60 lugares em 101.
A
oposição não aceitou os resultados e seguiram-se largos dias de
pilhagens e de actos desordeiros, que José
Milhazes descreve bem:
"Este movimento desordeiro não é uma
revolução anti-comunista até porque o Partido dos Comunistas da Moldávia
nada tem a ver com partidos homónimos clássicos. Pode não ter feito
muito para arrancar o país da cauda da Europa, mas tem respeitado as
regras do jogo democrático. Não esconde a intenção de aproximação à
União Europeia, mas mantém boas relações com Moscovo para não perder a
Transdniestria.
Vladimir Voronin é um dirigente dos
equilíbrios possíveis e é de lamentar que a oposição, que diz ser mais
democrática e europeia, não tenha sabido controlar os desvaneios da
multidão."
Fracassadas estas tentivas da oposição, o
caminho traçado por esta foi outro. Como a Constituição da Moldávia
obriga a que o Presidente seja eleito pelo Parlamento com maioria
alargada, necessita o voto favorável de pelo menos 61 deputados
em 101, entrou-se numa crise política, que acabou com a dissolução do Parlamento e com a marcação de novas eleições.
Nas eleições antecipadas, o PC moldavo foi
novamente o partido mais votado, porém conseguiu, apenas eleger 48
deputados, o que fez com que todos os partidos da oposição conseguissem formar maioria
alargada no Parlamento. O mais curioso destas eleições antecipadas, foi o
descaramento "democrático" do líder dos liberais, Vlad Filat, que apelou
a que: “desta
vez o Partido Comunista demonstre maturidade e, em nome do interesse
nacional, aceite a derrota.” Fazendo de conta que não contribiu a priori
para a séria crise política e social em que o país cai e que não ignorou a vontade popular expressa nas primeiras eleições.
Actualmente o Governo de todos os interesses da Moldávia quer incluir na
Constituição do país, a ser referendada este Verão, a
proibição de utilização de todos os nomes e símbolos comunistas.
Pouco interessa se o PC moldavo foi o único partido que sempre
aceitou o resultado que obteve em qualquer eleição no país, o que na
verdade importa, é limpar do mapa uma força política maioritária na
sociedade, que estorva a elite moldava.
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A Comuna 33 e 34
A Comuna 34 (II semestre 2015) "Luta social e crise política no Brasil" | Editorial | ISSUU | PDF
A Comuna 33 (I semestre 2015) "Feminismo em Ação" | ISSUU | PDF | Revistas anteriores
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