O G20 contra os trabalhadores europeus |
Domingo, 13 Junho 2010 | |||
"Os falcões do défice tomaram o controlo do G20" denunciou Paul Krugman, num artigo 1 que escreveu no dia 6 de Junho de 2010, na sua rubrica regular, no jornal New York Times. Krugman cita o comunicado do G202 de 5 de Junho: "Os países que estão confrontados com sérios desafios fiscais necessitam acelerar o ritmo de consolidação" e "Saudamos os recentes anúncios de alguns países no sentido de reduzir os seus défices em 2010 e fortalecer a sua situação e as suas instituições fiscais". O prémio Nobel da Economia em 2008, sublinha ainda a contradição entre este comunicado e o anterior3 de 23 de Abil de 2010, onde o G20 apelava que os países mantivessem o apoio à economia, até que a recuperação económica tivesse ganho mais raízes. Para Krugman "é incrível que isto esteja a acontecer quando o desemprego continua a subir na área do euro e apenas com uma ligeira evolução no mercado de trabalho norte-americano". De facto, o G20 veio no seu comunicado concordar plenamente com as medidas recessivas tomadas pela União Europeia contra a Grécia e outros países e contra os trabalhadores europeus. Aliás, o comunicado do G20 é bem claro ao dizer: "Congratulamo-nos com as acções determinadas que a União Europeia, o Banco Central Europeu e o FMI tomaram". Em Abril de 2009, a propósito da cimeira do G20 realizada em Londres, escrevi que "os 'líderes do mundo' mostraram que não têm novas medidas para enfrentar a crise e esforçam-se apenas em mudar alguma coisa, para que tudo fique na mesma". Pouco mais de um ano depois, o G20 perdeu a novidade, abandonou as promessas de regulação e passou ao elogio do FMI e das suas tradicionais receitas neoliberais, desta vez contra os povos e os trabalhadores europeus. O "yes, we can" de Obama, completa-se com "deixar tudo como dantes", com a finança no comando. A inclusão da China de Hu Jintao ou do Brasil de Lula nos 'líderes de mundo' nada mudou e o G20, demonstra que mais não é que um G8 alargado. O "socialismo real" chinês do século XXI tem uma diferença de fundo com o "socialismo real" soviético de outrora: na segunda metade do século XX, URSS e EUA eram duas potências em confronto constante; no século XXI a China está integrada no consenso neoliberal hegemonizado pelo imperialismo norte-americano. Só admira que haja ainda quem afirme, como o PCP, que a China constrói o socialismo. É caso para perguntar, afinal por onde passa a "política de classe"? Pelo apoio à luta dos trabalhadores portugueses e europeus, contra as medidas de austeridade para quem trabalha, ou pela defesa do "socialismo real" chinês, que apoia as medidas da UE, do BCE e do FMI? Carlos Santos 1 Pode aceder a uma tradução em espanhol em sinpermiso.info 2 Disponível no site do G20 em g20.org 3 Disponível no site do G20 em g20.org
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A Comuna 33 e 34
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