Celebrar o passado olhando para o futuro |
Terça, 01 Março 2011 | |||
No dia em que o Bloco de Esquerda faz 12 anos chegamos à conclusão de que a luta de esquerda pela defesa dos direitos sociais é cada vez mais necessária e, neste momento, não há dúvida de que o BE esteve, está e continuará a estar empenhado nesta luta. Artigo de Isabel Pires No dia em que o Bloco de Esquerda faz 12 anos chegamos à conclusão de que a luta de esquerda pela defesa dos direitos sociais é cada vez mais necessária e, neste momento, não há dúvida de que o BE esteve, está e continuará a estar empenhado nesta luta. Poderia fazer uma retrospectiva de todas as lutas importantes feitas até hoje, mas a necessidade de olhar para o futuro torna-se cada vez mais urgente a cada dia que passa. Hoje é o dia em que a vontade de atacar ainda mais os trabalhadores foi anunciada por Sócrates[i]. Percebe-se que não há limites para o ataque social que já atingiu grandes proporções, em que a bem da “estabilidade” e da “credibilidade” do país, tudo será feito para atingir um défice de 4,7%. Depois de 3 PEC’s sucessivos e de um Orçamento de Estado que deixam de rastos o Estado social mas acima de tudo, todos nós, parece que tudo isso pode não ser suficiente, e o Governo vai ter que voltar a atacar os trabalhadores, os precários, os reformados, os estudantes, os desempregados. Mas será que há mais alguma coisa para atacar neste campo? Os vínculos precários aumentam, os estudantes têm menos bolsas e propinas de 1000€, os desempregados estão cada vez mais desprotegidos e com maior dificuldade em encontrar emprego, os direitos dos trabalhadores estão a ser alvo de remodelações profundas e que beneficiam as empresas e o capital. E a pergunta mais lógica mantém-se sem respostas práticas: porquê a escolha de continuar a não tomar medidas políticas de esquerda, fortes e decididas a ir buscar o dinheiro onde ele está? Porque já há muito que este governo não é de esquerda e a falta de vontade política de fazer frente ao grande capital é cada vez mais visível. E é porque urgem soluções que deixem de atacar as pessoas que o Bloco de Esquerda continua, passados 12 anos, a lutar e a fazer o combate necessário, à esquerda e sem medo de o admitir. Ainda hoje estivemos nos Centros de Emprego por esse país fora a levantar questões e a procurar respostas naqueles que sofrem na pele. Estão à porta momentos políticos extremamente importantes na luta contra o austeritarismo: o protesto da Geração à Rasca dia 12 de Março[ii] e a grande manifestação da CGTP dia 19 de Março[iii]. Porque ainda que haja quem diga que a luta nas ruas está desactualizada, é essa mesma luta que melhor demonstra a vontade das pessoas de quererem ver as coisas a mudar, por isso também os activistas do BE se empenham nesta mobilização, para mostrar na rua o que as pessoas querem. Mas antes destes, há um momento político de extrema importânica, principalmente para o Bloco e para o movimento social: a apresentação da moção de censura ao Governo. Além de um instrumento parlamentar importante, que permite a clarificação política na Assembleia da República (já todos percebemos muito bem a boa relação entre PS e PSD!), é um instrumento de movimentação política popular. Digo isto por algumas razões: primeiro, a mediatização à volta do anúncio da moção de censura pôs o país todo a falar sobre isto. Segundo, e decorrendo disto, provoca a constituição de uma agenda política que será ocupada pelo BE, com debates pelo país fora, com jornais distribuídos, com congressos. Todas estas actividades provocam a agitação social, o questionamento e a procura de soluções e permitem-nos alargar a base social de apoio; no fundo, é algo com que as pessoas se identificam, já que querem, também, censurar o Governo. Porque a censura também se faz na rua, a moção de censura do BE permite a agilização entre parlamento e movimentação social, algo que já está a ser conseguido. E eu pergunto: então valeu ou não valeu a pena apresentar esta moção? Valeu e voltou a demonstrar que o Bloco de Esquerda continua fiel a si mesmo, lutando na Assembleia da República e nas ruas contra as políticas neoliberais de direita, que a cada dia que passam se descridibilizam aos olhos do povo. O momento político é favorável à luta social e o Bloco de Esquerda não se vai demitir do papel que sempre teve na luta social. “A última conclusão é também um compromisso dos signatáris: chegou a hora de convocar quantos partilhem o essencial destes pontos de vista para uma nova iniciativa política, um Bloco de Esquerda capaz de ser portador de propostas fortes e se assuma como sinal de esperança. O nosso projecto inscreve-se nessa luta urgente para abrir caminhos e faz parte de um projecto de civilização que constitui a modernidade da esquerda.”[iv] Isto foi escrito há 12 anos. Os caminhos foram abertos e o Bloco está a caminhá-los, com segurança, à esquerda e com o objectivo de alcançar tudo a que se propõs. E a cada dia que passa estamos mais perto disso!
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A Comuna 33 e 34
A Comuna 34 (II semestre 2015) "Luta social e crise política no Brasil" | Editorial | ISSUU | PDF
A Comuna 33 (I semestre 2015) "Feminismo em Ação" | ISSUU | PDF | Revistas anteriores
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