Cartas de Fukushima Versão para impressão
Segunda, 21 Março 2011

nuclearnobrigado

Explosões, catástrofes e um constante ambiente de medo e de insegurança. São estas as palavras que têm atormentado milhões de japoneses devido a apostas políticas erradas, devido a um fascínio desmedido pela Energia Nuclear. Onde a segurança e o bem-estar das pessoas é atirado para segundo lugar.

Artigo de Patric Figueiredo

Com as desgraças do Japão devemos todos reflectir um bocado.

A produção de energia a partir de centrais nucleares, é obtida através de reacções químicas e físicas entre substâncias pesadas como o plutónio e urânio. O único processo que o ser humano consegue controlar para gerar energia a partir do nuclear é a fissão. Onde átomos pesados são partidos a meio e libertam energia, havendo reacções em cadeia até que se chega ao chamado “lixo radioactivo”, quando já não se justifica partir o átomo a meio, porque a energia que ele viria a libertar seria inferior à necessária para o partir. E um dos grandes problemas da produção de energia a partir do nuclear está aqui. Que fazer a este lixo?

Durante anos a aposta era o fundo dos oceanos servir como caixote do lixo. Depois virou moda construir montanhas em cima das centrais nucleares desactivadas e o lixo deixou de ser afogado para ser enterrado. Hoje o mais normal é envia-lo para o espaço. Ninguém sabe ao certo que consequências trarão esta atitude irresponsável de quase todos os países ditos desenvolvidos.

Portugal não produz energia eléctrica a partir do nuclear, simplesmente importa da Espanha, França e Alemanha. E vivemos com uma central nuclear à beira da fronteira.

Para Portugal seria errado investir no nuclear, e isto pelo seguinte: Portugal tem um dos maiores tempos de exposição e de potência de radiação solar da Europa; Tem uma grande costa marítima para investir na produção de energia a partir das ondas; E, mesmo dentro de uma lógica de mercado, tornar-se-ia contraproducente um entrar num  mercado monopolizado.

Nós não precisamos e acima de tudo não queremos Nuclear em Portugal.

A extracção do urânio tem efeitos ambientais terríveis. Quando é extraído traz consigo muitas outras substâncias nefastas, que por exemplo contribuem para o efeito de estufa. Na extracção do urânio 99% das substâncias que se tiram da terra são lixo. Tal como já foi afirmado, não se sabe o que fazer com eles.

Outro problema é a segurança dos homens e mulheres que trabalham nessas minas. Não existem materiais 100% protectores de radiação, imagine-se o que é passar uma vida inteira exposto a radiação radioactiva. Ou sujeito a uma inalação constante de poeiras prejudiciais para a saúde, que provocam efeito irreversíveis.

A aposta na Energia Nuclear é injusta socialmente e irresponsável ambientalmente.

A solução para a escassez de energia deve passar pela racionalização do seu consumo e na diversificação das fontes renováveis, não na aposta de querer sempre produzir infinitamente mais e mais, para meramente corresponder às necessidades do mercado.

Tal como há 20 anos os carros gastavam 25 litros gasolina/100km hoje há carros eléctricos que, com o equivalente valor energético dos 25 litros, percorrem uns 500 ou 600 km. E esse deve ser o caminho: reduzir a quantidade de combustível que as “coisas” precisam. Apostar na certificação energética dos edifícios, apostar nos transportes públicos, apostar na reutilização de recursos, deixar o descartável. Investir na ciência e no desenvolvimento. Oferecer mais oportunidades de investigação, pois se não se tratasse de um enorme negócio, já a humanidade teria encontrado alternativas credíveis para este problema.

Porque um país desenvolvido, como um que queremos ser, tem que dizer uma coisa essencial: Nuclear, não obrigado!

 

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