Precariedade: o combate da juventude na velha Europa |
Quarta, 06 Abril 2011 | |||
Quem escolheu sair à rua tem de continuar a fazer escolhas pois a precariedade não é a única solução possível. O combate é pelo futuro do país e pelas gerações futuras.
Artigo de Ana Cansado Em Portugal, uma manifestação imaginada por um grupo de amigos transformou-se num grande evento que, no dia 12 de Março, mobilizou mais de 300 mil pessoas no Protesto da Geração À Rasca. Na Europa estão convocados outros protestos que apresentam características muito semelhantes: a Juventud SIN futuro promove uma manifestação para dia 7 de Abril em Espanha e o Il nostro tempo é adesso apela a uma manifestação para dia 9 de Abril em Itália. Vejamos algumas das semelhanças: os promotores são grupos de jovens bastante qualificados que ou são desempregados ou são trabalhadores precários; usam a Internet, em particular o Facebook, como instrumento de divulgação das suas mensagens, como convite público para adesão às manifestações e para debater os temas que os movem; são autores de um documento - Manifesto, Manifiesto e Appello – orientador do protesto onde valorizam a sua geração e denunciam a precariedade e a elevada adesão à mobilização faz com que a convocatória do protesto se multiplique para várias cidades em cada país. Podemos dizer que estamos perante um despertar de consciências jovens, que se mobilizam, utilizam os recursos disponíveis e procuram a acção colectiva no espaço público como forma de protesto e intervenção política. O Protesto da Geração À Rasca resultou num Fórum das Gerações na Internet onde continua o debate e a troca de experiências e na compilação de sugestões e testemunhos recolhidos durante a manifestação. É uma experiência muito recente para que se perceba a totalidade dos seus efeitos mas já marcou a agenda política, colocou a precariedade no centro das conversas e quando aconteceu juntou tantas pessoas que deu um claro sinal do descontentamento profundo dos portugueses. Estes resultados não serão exactamente os mesmos em todos os protestos pese embora encontremos semelhanças no processo de construção dos mesmos e entre os seus promotores. A realidade concreta de cada país é diferente e não podemos dizer que os resultados serão semelhantes. Esperemos sim que os protestos marcados tenham também efeitos positivos nos respectivos países. O futuro será de luta. Quem escolher sair à rua tem de continuar a fazer escolhas pois a precariedade não é a única solução possível. O descontentamento é um terreno fértil para a disputa de ideias e é preciso estar atento aos combates que se avizinham. Os europeus precisam de participar em sindicatos, organizações de precários e descobrir outros colectivos onde partilhar interesses e consolidar a luta contra a precariedade. É fundamental ampliar e alargar o campo daqueles que dizem não às políticas europeias de austeridade e precariedade que constituem o Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC). A exploração e a precarização da maioria dos trabalhadores e trabalhadoras da Europa garante a manutenção de uma elite privilegiada protegida pelas Instituições da Comunidade. Em Portugal está na hora de fazer nova escolha e é urgente uma escolha radicalmente diferente. Nestas eleições é preciso combater a abstenção e votar diferente. Qualquer combinação entre PS, PSD e CDS resulta em mais austeridade e numa continuidade de política que levarão o país à bancarrota. A campanha precisa do envolvimento de todos e todas que querem políticas diferentes e já vieram à rua exigi-la. O combate é pelo futuro do país e pelas gerações futuras.
Ana Cansado
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