Porque voto… |
Terça, 31 Maio 2011 | |||
Ironia do destino, [os abstencionistas] estão a contribuir para que os mesmos se instalem comodamente e governem a seu belo prazer. Artigo de Paulo Cardoso Muitas mulheres e homens lutaram e alguns deram a vida para tivéssemos todos a oportunidade de fazer as nossas escolhas, decidir o nosso futuro e o dos nossos filhos. Essa conquista, materializada depois do 25 de Abril, é hoje muitas vezes desprezada por muitos que pensam fazer da abstenção uma forma de protesto. Ironia do destino, esses, estão a contribuir para que os mesmos se instalem comodamente e governem a seu belo prazer, porque até a oposição fica com pouco peso. É isso mesmo, o peso ou contra-peso ficou na abstenção, de onde se conclui que esse voto de protesto acabou por beneficiar o infractor. Desde que me foi permitido, nunca abdiquei de ser eu a escolher o que quero para o meu país e nunca percebi porque outros aceitam que o destino de um país seja escolhido por outros, ainda por cima por quem está à espera de um “tacho”. Comigo não, eu sei o que quero e não abdico de fazer as minhas escolhas. São eleitos deputados e forma-se um governo. Por que razão não terei eu de querer ver alguém que represente as minhas convicções e defenda os valores que eu defendo? Em 2003, vi um Governo PSD/CDS aprovar leis do trabalho que aumentaram a precariedade, facilitaram os despedimentos e estrangularam os aumentos salariais. Em 2009, vi um governo PS que tinha criticado essas medidas de 2003 a agravá-las. Hoje pergunto aos milhares de trabalhadores que foram penalizados se voltam a abster-se de fazer escolhas ou se vão deixar-se embalar mais uma vez na demagogia capitalista de que nascemos para ser sacrificados como subalternos da dependência do salário? Outro exemplo da necessidade que tenho de votar tem a ver com o facto de no meu distrito (Portalegre) assistir a um interioricídio e a ameaças de ataques ambientais como a exploração de urânio em Nisa, Refinaria de Balboa e a Central de Almaraz. Excepto o Bloco de Esquerda, todos os outros partidos fizeram de conta que nada se passou. Deputados eleitos pelo Bloco bateram-se e pressionaram o governo sobre estas matérias e outras como os serviços de saúde. E confesso, senti orgulho de apostar nestes deputados que apesar de não eleitos pelo distrito deram a cara por nós. Actualmente e devido, em especial, às alterações das leis laborais promovidas por PS, PSD e CDS estou incluído num processo de despedimento colectivo. Este despedimento só é possível porque deram a possibilidade de empresários sem escrúpulos usarem de manobras vergonhosas como as que estão ser promovidas pelo Grupo Imatosgil que ainda recentemente lesou a CGD em mais de 117 milhões de euros. Este grupo que investe 70% do seu capital no BES, BCP e Santander Totta vê-se assim “protegido” por leis laborais perversas e ainda vão ser beneficiados indirectamente com o apoio dos 12 mil milhões do acordo da Troika. Como se percebe tenho fortes razões para votar. E a votar, tem de ser em alguém como o Bloco que foi o único que deu a cara contra esta manobra do Grupo Imatosgil que despede, agora de uma só vez, 50 trabalhadores sem indemnização através de manobras fraudulentas, mas apoiadas pela troika portuguesa. Não é por acaso que PS, PSD e CDS não querem aprovar leis que criminalizem o enriquecimento ilícito. A família Matos Gil é uma das mais ricas de Portugal e a par de outros “Donos de Portugal”, vão continuar a explorar e a fugir a impostos subdividindo empresas e promovendo insolvências como fizeram na antiga Finicisa em Portalegre. É também por isto que eu voto! É por querer mudar de rumo e de futuro que voto Bloco de Esquerda! Paulo Cardoso
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A Comuna 33 e 34
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