A importância do voto Feminista |
Terça, 31 Maio 2011 | |||
Relembro que durante muitos séculos não tivemos direito de voto e não tivemos oportunidade de dar a nossa opinião para as decisões que nos iam afectar a todas. Artigo de Nádia Cantanhede O voto feminino só foi conquistado em Portugal em 1976. Somente em 1976 fomos consideradas cidadãs dignas de ter uma voz pública sobre o nosso próprio futuro. Por este motivo, acho que todas devemos votar. O voto é uma participação activa no nosso futuro e não nos devemos demitir de ter voz sobre a nossa própria vida. Independentemente de em quem se vota, creio que se deve votar tendo em conta não sondagens, nem espectáculos mas as propostas que vemos e ouvimos. Informar-nos é importante, reflectir e tirar as nossas próprias leituras sem ir cegamente atrás de opinion makers ou sondagens comparadas por canais televisivos e encomendadas por partidos de maioria parlamentar. Porém, se nos dermos ao trabalho de reflectir profundamente veremos, com clareza e transparência, que o único voto que serve as mulheres e a população está à Esquerda. Nós, mulheres, somos responsáveis pelos nossos actos, pelas nossas escolhas. Hoje temos voz, direito a opinião. Isso é importante realçar companheiras, porque nem sempre foi assim. Durante séculos, pelo mundo fora muitas mulheres, se debateram, foram torturadas, humilhadas, presas e mortas com o objectivo de ver conquistada a voz política e a participação activa da mulher na política, na sociedade e no rumo dos seus países. Creio que esta conquista conseguida em Portugal em 1976 e antecipada em 1911 pela sufragista e republicana Carolina Beatriz Ângelo nos abriu o caminho para a igualdade de género e humanização da mulher. Nesta altura em que o país está a atravessar uma crise sem precedentes, a nossa responsabilidade é grande. Podemos decidir sobre nós mesmas, sobre o nosso futuro profissional e pessoal e ainda sobre o futuro dos nossos filhos e filhas. Nós, mulheres, podemos traçar um percurso galopante de reconstrução, de direitos humanos, de conquista de igualdade salarial entre os sexos, de diferenciação positiva nos direitos à maternidade, à visibilidade histórica, à igualdade na progressão da carreira, bastando, para isso, votar à Esquerda. Podemos dar a mão aos direitos de todos por todos, reivindicando, não só os direitos femininos, mas os direitos de todos os gays, lésbicas, transexuais e transgénero pelo fim da discriminação de género em todas as suas vertentes. Podemos reivindicar os direitos dos imigrantes a uma vida digna, a condições de trabalho e salário justas e à sua voz política. Podemos trazer a dignidade ao trabalho reivindicando o aumento do salário mínimo, reajuste dos salários, contractos laborais colectivos e justos. Podemos dar as mãos contra a pobreza, a violência e a repressão reivindicando a Liberdade. Hoje, companheiras, podemos tudo isto porque temos direito de voto, porque temos direito à participação política. Hoje podemos aquilo que a 28 de Maio de 1911 Carolina Beatriz Ângelo pode apenas porque usou uma omissão na lei a seu favor e que apenas em 1976 as outras mulheres portuguesas puderam. Foi uma conquista importantíssima que não deve ser ignorada nem banalizada porque ignorar esta conquista é acordar com a submissão feminina à ordem masculina, é domesticar a mulher, é demitir-se de si. Apelo a todas as mulheres responsabilidade política, social, familiar e económica através do voto, um direito inalienável de todas nós.
Nádia Cantanhede
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A Comuna 33 e 34
A Comuna 34 (II semestre 2015) "Luta social e crise política no Brasil" | Editorial | ISSUU | PDF
A Comuna 33 (I semestre 2015) "Feminismo em Ação" | ISSUU | PDF | Revistas anteriores
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