Pela Luta é que Vamos! |
Terça, 05 Julho 2011 | |||
O resultado eleitoral do dia 5 não deixou indiferente nenhum simpatizante ou aderente do BE. O resultado foi correctamente assumido como uma derrota mas o seu impacto não pode desviar o centro de acção política do nosso Movimento. Temos um papel fundamental a cumprir, um papel que tem sido desempenhado contra a hegemonia de direita e contra as políticas desastrosas assumidas pelos três partidos que, pela sua posição neoliberal, se colocaram ao lado dos interesses dos grandes grupos económicos e da banca.
O caminho assumido pelo Bloco não foi isento de erros e algumas posições não passaram uma mensagem clara ao eleitorado. Porém, qualquer análise após a apresentação dos resultados é favorecida e é natural que num partido plural como o BE diferentes pessoas identifiquem diferentes erros tácticos. O debate alargado, que realizaremos, permitirá ponderar sobre eles. A Resolução da Mesa Nacional, aprovada no passado dia 18, apresenta os pontos mais críticos que nos terão custado a perda de eleitorado.
No entanto, o resultado eleitoral não foi concretizado pelo facto de existirem tácticas de partidos isentas de erros. Sabemos quem defende os interesses capitalistas do sistema e temos de ter presente como esses interesses são mantidos e a sua defesa orquestrada.
A bipolarização apresentada durante a campanha eleitoral e a consolidação da ideia de que a única saída viável seria votar no PSD, permitiram manter a continuidade da alternância e de uma oposição que não existe. Esta alternância é essencial para a manutenção do sistema.
Há opiniões respeitáveis que defendem que o PS deve ser desvinculado da posição sem saída em que está colocado, desvinculando-o do acordo assumido com a troika. Esta posição em nada fortalece a nossa luta contra o poder hegemónico. Foi o próprio PS que se colocou nesta posição de inutilidade pela sua submissão e aceitação de um acordo apresentado como inevitável. As declarações proferidas por Maria de Belém reforçaram a posição do PS que, mesmo como partido de oposição, será uma das três bases de suporte a este ataque gravoso contra os portugueses.
O Bloco como movimento anti-capitalista não pode contribuir para a perpetuação da alternância política que durante mais de três décadas nos conduziu ao desastre económico e social em prol dos interesses lucrativos capitalistas.
O Bloco de Esquerda tem um compromisso muito valioso com a sociedade que vai para além de resultados eleitorais, temos um papel preponderante e decisivo na luta contra a exploração e a injustiça. Assumimos um papel decisivo de denúncia o que constitui, para a burguesia, o perigo de exposição dos seus interesses. Somos por isso o alvo da sua estratégia de ataque. E é em função deste ataque que tanto se tem instrumentalizado a comunicação social. Nós não nos podemos sujeitar aos interesses que pretendem enfraquecer e retirar credibilidade à voz do Bloco.
É crucial que a nossa mensagem seja clara. As nossas atenções têm de ser focalizadas na questão estrutural da sociedade. A derrota ideológica do neoliberalismo não enfraqueceu o sistema. A sua estratégia foi alterada, um ataque muito mais feroz está a ser desencadeado. A destruição do estado social e o saque aos direitos laborais foram definidos com uma táctica galopante e apresentada como inevitável. Temos de entender qual é esta nova direcção ideológica e a nossa estratégia tem de ser definida em função deste entendimento. Para esta luta necessitamos da continuidade de um Bloco combativo, irreverente, incisivo.
A capacidade política dos dirigentes do Bloco está muito longe de se esgotar. A força que une aderentes, activistas, dirigentes, fundadores e todos os que se juntam à nossa causa alimenta a confiança necessária para dar continuidade a uma política marcada pela irreverência, pela coragem e pela dinâmica fracturante que deram voz ao Movimento.
É por uma luta que é a luta de todas e todos, uma luta pela igualdade, pela justiça, pelo estado social, que continuaremos firmes a construir uma esquerda verdadeira. Não baixaremos os braços e não deixaremos que nos desviem do nosso caminho. É por esta luta que partimos e não ficamos! Odete Costa
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A Comuna 33 e 34
A Comuna 34 (II semestre 2015) "Luta social e crise política no Brasil" | Editorial | ISSUU | PDF
A Comuna 33 (I semestre 2015) "Feminismo em Ação" | ISSUU | PDF | Revistas anteriores
Karl Marx