Da Europa fetal à Europa fatal Versão para impressão
Terça, 26 Julho 2011

crise_europeia

Os PIIGS, nome atribuído a países do Sul (Portugal, Espanha, Itália, Irlanda e Grécia) são empecilhos para uma Europa que abdicou do seu projecto inicial vergando-se perante a “revenge” do capitalismo que treme perante a possibilidade do seu apocalipse prognosticado por Karl Marx.

O capitalismo, qual predador ignóbil, atingido pelo seu próprio veneno ataca os mais fracos … O modelo neoliberal sucumbiu e o liberalismo clássico ressurge disposto a vingança e ensaia a refundação da sociedade transportando-a para uma lógica de disparidades imposta como normal. Isto significa que no lugar de uma Europa solidária, vamos ter uma EUROPA para ricos e uma Europa para pobres, à imagem das tradicionais desigualdades conhecidas por todo o mundo. Os PIIGS são o trampolim para rever o projecto europeu, o euro, as relações laborais e sociais.

A austeridade assente numa política hipócrita e criminosa, apenas garante a necessidade de sucessivos resgates, hipotecando cada vez mais a recuperação económica enquanto os EUA varrem a economia/lixo para debaixo do tapete.

Já se percebeu que o capitalismo desovou uma nova realidade no berço da democracia. Esta chaga vai alastrar a Portugal, Itália, Irlanda e Espanha, forçando todo o projecto europeu para uma nova fase impulsionada pelo Tratado de Lisboa. Do paradigma do projecto europeu, ao paradigma desta crise que se desenvolve no berço da Europa, a par da crise económica vem a crise social e a falta de postura em relação às violações dos direitos humanos na China, Guantánamo e Marrocos, entre outros.

A Europa ensaia um fortíssimo ataque ao estado social e aos direitos laborais persistindo nas transferências do trabalho para o capital. Da cumplicidade criminosa com elites financeiras, governos corruptos e violações entre povos como os que a NATO perpetua. A Comissão Barroso apresenta-se como uma salvaguarda do crime económico, do ataque ao estado social e da defesa da nova escravatura no trabalho.

A atitude incoerente do parlamento europeu dominado pela direita revela as suas escandalosas contradições com as mordomias que aplica no seu seio. Então que forma vai ter este sistema capitalista que enterra agora o esgotado e falhado modelo neoliberal? Que Europa vamos ter para substituir o projecto de União Europeia que não conseguiu políticas sérias e responsáveis e ficou enferma quando se entregou às políticas neoliberais da direita europeia?

Na minha opinião, esta Europa não tem sustentabilidade e o capitalismo tem pouco espaço de manobra. O BCE e o FMI representam a cumplicidade entre a U.E. e os E.U.A. Estas duas instituições representam um sistema financeiro bicéfalo que tenta salvar as elites financeiras do desastre e aqueles que têm “engordado” com a crise permitindo a especulação e o rentismo.

A falta de soluções e a guerra de surdos entre o euro e o dólar têm agravado a situação económica e provocado a inevitável crescente turbulência das bolsas. A Europa capitalista só tem um caminho, ou seja, aniquilar e subjugar os mais fracos. A exclusão e as desigualdades são as armas do capitalismo egoísta e ganancioso que já deixou de fingir que cuida de nós…

Agora, vamos ter a verdadeira face deste modelo incorrigível que vê o futuro ameaçado. A luta vai ser feroz porque o capitalismo para tentar sobreviver só pode ser puro e duro: criminoso! Neste velho continente, refém da crise, regressamos ao dogma mais acérrimo do liberalismo e assistimos à mudança de uma Europa fetal a uma Europa fatal…

Paulo Cardoso

 

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