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Terça, 02 Agosto 2011

Casino_-_BPN

No dia que antecedeu a chegada da troika, para iniciar a avaliação das capacidades de bom aluno do estado português, foi revelada a venda do BPN ao banco BIC.

Mira Amaral, presidente do banco BIC acordou um excelente negócio com o governo PSD/CDS, a compra de um banco em saldos! Dos 180 milhões estabelecidos inicialmente pelo governo como valor mínimo o banco é agora vendido pelo quinto do valor – 40 milhões, e metade dos trabalhadores serão despedidos.

O estado português assume os custos da cessação dos vínculos de trabalho e assume também um estrondoso buraco de 2,4 mil milhões de euros.

O Governo, aluno exemplar, entrega o BPN nas mãos de Isabel dos Santos e do português mais rico entre os ricos, Américo Amorim, a preço de saldo. O mesmo Governo que apresenta uma pesada factura aos que injustamente são chamados a pagar os custos do luxo, da exuberância e do desfalque.

Este é o culminar de uma história vergonhosa, de roubo descarado, que começou na mão de um membro do X Governo Constitucional (PSD), e passa para a mão de outro colega do mesmo governo, com uma infinidade de protagonistas que pelo meio foram favorecidos neste escândalo da (in)justiça portuguesa. Da fraude ao prejuízo nada se efectivou contra os usurpadores, mudar-se-á o nome ao banco para que o crime caia no esquecimento. A justiça tarda e provavelmente falhará.

Porém, da primeira avaliação trimestral da troika, sairá certamente uma menção honrosa ao papel que este governo PSD/CDS está a desempenhar para cumprir o acordo anteriormente assinado pelo PS. Este aluno brilhante receberá louvores por facilmente dar continuidade ao favorecimento dos interesses capitalistas e da banca. O aluno exemplar já abriu caminho para a privatização dos transportes com um aumento colossal dos preços; na saúde já se anunciam encerramentos de urgências apresentando como argumento o excesso de oferta, colocando público e privado com o mesmo factor de acesso; e a batalha mais feroz de todas é contra os trabalhadores - iniciada pelo executivo de José Sócrates - anuncia-se agora mais cruel. A facilitação dos despedimentos está já lançada.

A luta de classes está assim mais desigual, a sua desproporção é assegurada pela incessante retirada de direitos, a proliferação do medo.

PSD/CDS e PS assumem sem qualquer pudor qual o lado que pretendem favorecer. Chumbaram o projecto de Resolução, apresentado pelo BE, para a criação de uma comissão parlamentar para auditar a divida externa portuguesa. Com esta opção mantêm na obscuridade favorecimentos criminosos, como no caso BPN, enquanto hipocritamente justificam o injustificável. Apresentam a austeridade como inevitável favorecendo o capital.

As opções políticas de PSD/CDS e PS não apresentam diferenças. Assumem a mesma necessidade de cumprir o acordo com a troika, negam a auditoria da divida externa, não deixam cair bancos mas atacam trabalhadores, famílias, desempregados, toda uma classe inocente. PSD/CDS e PS são a troika portuguesa da qual nada se espera, a troika dos boys, da alternância de poder, dos jogos de cadeiras. Esta é a troika que alterna poder e oposição para que tudo fique na mesma.

A escolha entre justiça e fosso social é uma questão ideológica que não pode ser encarada com inconformismo. Se reconhecemos a existência de luta de classes, temos de reconhecer, também, que possuímos força e capacidade para a travar. A manifestação e a organização popular têm de assumir a expressão do descontentamento que dia após dia vai tomando novas proporções. Façamos a nossa luta, que é luta da democracia, da justiça, da igualdade. Não deixemos os portugueses subjugados a avaliações fantasma e a casos BPN.

Odete Costa

 

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