Nas "trincheiras" de Angola |
Terça, 13 Setembro 2011 | |||
Será que os ventos do Magreb chegaram a Angola? Não sei, uma coisa é certa a revolução chegou para ficar. Hoje mesmo 17 jovens foram condenados a prisão efectiva depois de terem sido agredidos e detidos na última manifestação na praça da liberdade no centro de Luanda, no início do mês. As manifestações vêm ocorrendo desde Março, a tensão não pára de se sentir. O governo tenta a todo custo evitar o inevitável através da repressão, mas como dizia Agostinho Neto "somos milhões e contra milhões ninguém combate". O povo esta decidido e diz “não nos calaremos chega de corrupção e má governação”. Do outro lado da “trincheira” temos José Eduardo dos Santos um "ditador" em funções no governo há 32 anos. Em semelhança aos seus homólogos do Magreb, há muito esqueceu dos ideais revolucionários. Detém a vontade popular através dos instrumentos legislativos que utiliza para aumentar ainda mais o seu poder e manter o povo refém, vendeu o seu pais ao hemisfério norte, cujo único interesse é manter o país pobre, pois só assim e possível saquear os recursos com um custo controlado. Prova disso é que Angola é neste momento um país com um crescimento económico alto, no entanto é um dos países do Mundo com mais corrupção e menos desenvolvimento humano. As últimas revelações do índice Gini, perto dos 0,7 revelam bem o fosso entre os ricos e os pobres e a pobreza extrema existente no País. O povo exige não só a queda de José Eduardo Santos como a instalação de um regime mais democrático que o actual. Setembro de 2011 parece me uma data importante para a revolução angolana, muitos jovens estão a ser sofreados entre eles o rapper Matafrakuz identificado pelo povo como o líder do movimento apartidário responsável pelas manifestações de Março. Num manifesto do movimento podemos ler: “Queremos, sim, que o actual Presidente da República, porque já está no poder há 31 anos, se retire da presidência da República e do MPLA, de forma digna para que todos, sem excepção, saiamos a ganhar e dignificados. Não lhe queremos fazer mal, e não queremos que pessoas do MPLA ou das Forças Armadas, da Polícia Nacional e dos Serviços de Informação e da Segurança do Estado nos façam mal. Mas também não queremos partidos da oposição que não representam efectivamente segmentos importantes do povo na sua diversidade, problemas reais e concretos dos cidadãos e das comunidades que não tenham a capacidade de os discutir com os interessados e de os pôr no centro da agenda política e mobilizar a sociedade. Queremos eleições verdadeiramente livres e justas A LUTA PACÍFICA PELA TRANSFORMAÇÂO POLÍTICA DE ANGOLA, SEM ARMAS, SEM VIOLÊNCIA, VAI CONTINUAR. A ACTUAL MANEIRA DE FAZER POLÍTICA JÁ FALIU MORALMENTE. A LUTA É CONTÍNUA" Toda a revolução tem um início, os jovens angolanos não conseguiram mudar o mundo, mas deixaram um alerta… Ricardo Nunes
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A Comuna 33 e 34
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