Resistência e agitação, agitação e resistência |
Quarta, 19 Outubro 2011 | |||
O recente protesto internacional de 15 de Outubro teve uma excelente resposta em Portugal. Excelente sim, não por se considerar que a brutalidade do ataque social não necessitasse de milhões de pessoas na rua mas, porque, as largas dezenas de milhares de pessoas que deram largas ao seu descontentamento o fizeram sem necessidade de autocarros ou mobilizações porta a porta. Nas manifs da “CGTP” e da “indignação” parecem existir indicadores interessantes. Um deles reside na centralidade do descontentamento que traz consigo a vontade da agitação - agitar é preciso; outro junta a indignação à vontade de resistir, de fazer oposição (ainda que pouco esperançosa) a esta política - resistir é preciso. Uma parece surgir de um espaço vazio, mas como não há espaços vazios em política ele é disputado por anarquistas, esquerdistas vários, idealistas vários, gente de quer lutar, gente que quer construir novos sujeitos políticos… Outra parece trazer todo o seu espaço ocupado, é difícil entrar nela apesar de não faltar espaço. Se é preciso respeitar a responsabilidade da sua convocação melhor seria que os responsáveis entendessem, de vez, que o inimigo está do outro lado da barricada. A qualquer um dos proponentes e dinamizadores de protestos não tem faltado proposta alternativa, de igual modo nos partidos que representam parlamentarmente a esquerda, BE e PCP. O problema da proposta alternativa, do projecto alternativo, claro, concreto, diferenciado, não tem faltado à esquerda – o problema é que ela tem sido esmagada numa gigantesca lavagem cerebral a milhões de pessoas. O que faz a frustração e a desorientação de algumas pessoas na esquerda é que o PS conta 0,001% para esse projecto alternativo e portanto não conta a escala nenhuma para um programa de mudança. O PS não entrou num intervalo, o PS atirou-se de cabeça para o buraco negro do neoliberalismo. Aquilo que precisamos agora é mesmo de resistência e agitação pois, tanto uma como outra, são ínfimas perante as necessidades de resposta. Agitação para fazer saltar as mentes dormentes, agitação para fazer saltar as angústias dos pobres, agitação para romper o cerco informativo, agitação para quebrar este pântano de submissão e passividade, mais agitação… Resistência para mostrar luta, resistência para ganhar alianças sociais, resistência para levantar a dignidade humana, resistência para fazer aumentar a coragem, resistência para sinalizar à esquerda, resistência para quebrar a ideologia da inevitabilidade, mais resistência… Os primeiros pilares para a construção de um novo bloco social, com as pessoas realmente existentes, chamam-se resistência e agitação. Entrámos em preparação da greve geral. Está na hora de fazermos toda a luta que pudermos! Victor Franco
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A Comuna 33 e 34
A Comuna 34 (II semestre 2015) "Luta social e crise política no Brasil" | Editorial | ISSUU | PDF
A Comuna 33 (I semestre 2015) "Feminismo em Ação" | ISSUU | PDF | Revistas anteriores
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