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Quinta, 03 Novembro 2011

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São já cerca mil os alunos que trabalham nas instâncias do Ensino Superior para pagarem propinas, alimentação e demais custos fixosAs instituições do Ensino Superior consideram estes actos como actos de ajuda aos alunos, mas avisam desde já que a probabilidade de se manterem ou aumentarem no próximo ano é reduzida, se não praticamente nula.

Artigo de Diogo Barbosa

Mais um exemplo do assistencialismo no país, cortam-se as bolsas aos estudantes e estes passam a trabalhar a troco de quase nada nas suas instituições. Realmente sempre há formas de reinventar a escravatura, colocando os estudantes não só a trabalhar para as suas instituições como ainda lhes é dada uma esmola em vez de um salário digno. 

A prova chave de que estas medidas não são de longe as mais aceitáveis e consequentes são o incumprimento e o atraso no pagamento das propinas tem aumentado todos os anos. É este factor que revela que de facto não existem condições por parte de uma percentagem significativa dos alunos de pagarem as suas propinas. No tempo em que tantos dizem que temos de fazer mais com menos não estará na altura de se repensar aquilo que deve ser as propinas? Irão continuar as universidades a perder alunos todos os anos? Ou será mais uma fase do processo de selecção em que só os melhores e com mais possibilidades podem frequentar o Ensino Superior? Desta forma não teremos estas instituições a funcionarem, como de facto já aconteceu em alguns pontos do país.
Neste ponto temos de repensar aquilo que queremos que seja o Ensino Superior, é para formar pessoas ou quadros de empresas? Será feito com os estudantes a estudar ou a serem escravizados pelas próprias instituições que os “acolhem”? Têm de ser dadas garantias por parte do Estado e das instituições para os estudantes terem o seu direito a estudar. O caso destes estudantes que trabalham nas suas instituições de ensino ou a troco da sua propina, das suas refeições ou até dos seus transportes continua a precisar de comprar livros, de uma casa com condições de habitabilidade, o que não é garantido nestes casos.
Como se irão desenvolver estas relações no futuro? Deixará o Estado tudo nas mãos das universidades que cada vez são menos públicas e com mais entidades  externas que apenas procuram o lucro? Serão os estudantes instrumentalizados por estes em troca da sua permanência no Ensino Superior? Onde fica a dignidade e onde ficam as condições de cada estudante nesta nova realidade do Ensino Superior?
Por muito que se tente fazer passar a imagem contrária cá para fora cada vez ocorrem mais mutações no Ensino Superior, e não são mutações por uma melhoria do ensino, das condições das salas de aula. São mutações que afastam os estudantes da universidade atirando-os para o desemprego, a precariedade, a miséria. E o que foi feito por eles?  Perdem e vão perdendo o acesso ao ensino, à educação porque cada vez mais a elitização se sobrepõe ao interesse geral. Não é de estranhar que depois se ouçam coisas destas por parte do Secretário de Estado da Juventude:«Se estamos no desemprego, temos de sair da zona de conforto e ir para além das nossas fronteiras». Se estamos no desemprego é porque quisemos que isso acontecesse. É altura de lutar pelo nosso lugar no trabalho e no ensino.

 

A Comuna 33 e 34

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