Irrealismo necessário do Amor Científico Versão para impressão
Terça, 06 Dezembro 2011

 

Amor Científico

I

Quis rasgar os poemas

E as filosofias

Éticas e estéticas

E as sabedorias

 

Senti no frio da matéria

O ardor da distância

Descobri nas palavras ao vento

A cúmplice da frustração,

o par da ânsia

E gritei, por fim,

com toda a violência:

 

II

Não quero mais cantar este sentimento

Não quero mais contar os dias de desalento

 

Fim à matemática tétrica e funesta

Fim à métrica castradora das canções

 

Quero é uma ciência dura transformadora da matéria

Quero é uma ciência de fazer revoluções

 

III

E a revolta materialista esculpiu com dor

e tempo

Os caminhos sonhados das palavras ao vento

 

Irrealismo necessário do Amor (Científico)

I

Oh, Geometria

Tirana das coerências internas racionais

Hei-de de expulsar-te da matéria

Por fazeres os meus sonhos ilegais

 

II

O meu sonho feito em poemas

Discurso de castradora simbolização

Pode bem volver-se em Arte

Ser Ciência e ser Revolução

 

III

Canto

O Irrealismo necessário

Mentira na face das coisas materiais

Input irrazoável que reclama

A intercepção impossível das esferas ideais

 

Exijo o fim da geometria!

O fecho dos seus doutos tribunais!

 

Haverá vida fora dos quadrados

E o sonho vai pedir mais!

 

Bruno Góis

 

Nota: Poema inéditos: Amor Científico e Irrealismo necessário do Amor (Científico) foram escritos respectivamente a 2 de abril e a 3 de agosto de 2009.

 

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