A libertação pela música |
![]() |
Sexta, 27 Janeiro 2012 | |||
É em alturas como estas sem revivalismos que estas músicas e estes autores fazem todo o sentido como motores e veículos do povo nas suas lutas. Tiveram o seu papel importantíssimo no regime salazarista com mensagens políticas escondidas nas suas músicas que inspiravam todos que lutavam contra o regime e trouxeram no pós 25 de Abril as suas reivindicações sob a forma de música para as ruas fazendo da cantiga uma arma como o GAC. Em todos os momentos da história revolucionária portuguesa e pelo mundo a música, por vezes esquecida, teve o seu papel na luta e continuará a ter. A revolução dos cravos foi possível graças a uma música sendo ela símbolo de uma geração que se viu libertada da opressão de um regime fascista. Hoje com o ataque da Troika e do próprio governo contra o povo, fazendo com que este volte à vida sem condições, sem dignidade é que faz todo o sentido voltar a trazer o espírito das cantigas de intervenção. Hoje como há 30 anos atrás José Mário Branco e o seu FMI fazem todo o sentido naquela que deve ser a luta contra a nova ditadura contra a nova opressão. É hoje que quem versa sobre os direitos dos trabalhadores e que esteve esquecido por muitos durante tantos anos tem o seu papel mais uma vez fundamental, a cultura. É através da cultura e da cantiga como arma que é necessário voltar à rua, sem eufemismos, lutando, tendo a cantiga de intervenção como bandeira das novas lutas que vão ter de ser travadas para que os direitos conquistados voltem a quem por eles lutou e vai continuar a lutar. É esta música popular de protesto e de intervenção tão em voga durante o regime e depois dele que deve voltar a ter o seu papel libertador para todos que como há quase 40 anos são oprimidos pelas novas ditaduras. A música de intervenção faz parte da cultura portuguesa e está juntamente com o resto da música popular portuguesa no ouvido de todos, e é esse o seu lugar sendo reproduzida pelos mesmos ou através de novos grupos de intervenção que façam da cultura a sua bandeira, pois a luta não se faz só de manifestações e de palavras, faz-se através da cultura e deve ser essa a bandeira de todos os que lutam. Nesta altura em que a conjuntura nacional e europeia nos traz novos governos que não são eleitos e compostos por tecnocratas são um ataque feroz a um dos mais básicos direitos dos cidadãos, a democracia. É necessário fazer ressurgir o espírito à muito adormecido que foi trazido pela música de intervenção, voltar a tê-la como meio de protesto para garantir os direitos e liberdades do povo que por eles lutaram tanto tempo. Muitos autores versaram sobre política através das suas músicas. Que se volte a versar a intervenção e que se faça agora a luta mais difícil dos últimos anos... A luta pela liberdade e pela restauração da democracia plena contra o neo-conservadorismo e a ditadura económica ou de mercado. Que a vida das pessoas esteja nas suas mãos e não nas mãos de quem delas não quer saber. É agora que nos revemos novamente nas palavras de José Mário Branco “nós queremos trabalho e casa decente a carne do talho e pão para toda a gente”. Vamos lutar e vamos fazer da música uma das muitas armas de que disposmos para que os direitos e liberdades sejam respeitados. Diogo Barbosa (também publicado em A Comuna nr 28)
|
A Comuna 33 e 34
A Comuna 34 (II semestre 2015) "Luta social e crise política no Brasil" | Editorial | ISSUU | PDF
A Comuna 33 (I semestre 2015) "Feminismo em Ação" | ISSUU | PDF | Revistas anteriores
Karl Marx