Mary Wollstonecraft – A Educação como chave da mudança |
Terça, 27 Março 2012 | |||
A britânica Mary Wollstonecraft (27 Abril 1759 – 10 Septembro 1797) foi escritora, filósofa e uma defensora dos direitos das mulheres. A obra mais conhecida de Wollstonecraft é a A Vindication of the Rights of Woman de 1792 na qual argumenta que as mulheres não são naturalmente inferiores aos homens, aparentam-no graças à educação de que são alvo. As ideias inovadoras de Wollstonecraft lançaram esta feminista para uma exclusão durante quase um século. Porém, com a emergência dos movimentos feministas no século XX, o trabalho de Wollstonecraft, a sua reivindicação pela igualdade entre géneros e as suas críticas à feminilidade convencional foram-se tornando cada vez mais importantes. Hoje é considerada como uma das fundadoras da filosofia feminista e o seu trabalho exerceu influência ao longo da história em conquistas como o direito de voto para as mulheres e o fim do esclavagismo. Nas décadas de 60 e 70, com a emergência do feminismo crítico, o interesse por esta mulher singular ressurgiu e seis biografias de Wollstonecraft foram publicadas. No entanto, na década de 90, Wollstonecraft foi novamente apresentada pelas académicas como uma mulher do seu tempo sem grande ligação ou contributo para a actualidade. A maioria do trabalho desenvolvido por Wollstonecraft incidiu na educação e na sua importância para a formação de mulheres diferentes daquelas submissas e silenciadas que existiam na sua época. Para Wollstonecraft, a sensibilidade extrema educada às mulheres afastava-as da racionalidade e era nociva não só para elas mesmas como também para a sociedade. Para Wollstonecraft a razão e a sensibilidade deveriam estar ambas presentes na educação e estar ambas presentes no nosso modo de raciocínio. Wollstonecraft define no seu trabalho um plano educativo específico alegando (Capítulo 12) que a educação deveria ser dada na escola mas também em casa e, que tanto homens como mulheres, deveriam ter exactamente a mesma educação pois enquanto casal eram a base da sociedade. Wollstonecraft Wollstonecraft concordava que muitas mulheres são extremamente limitadas e superficiais mas não por inatismo mas porque os homens lhes negaram o acesso à educação. Para além do afastamento de uma formação académica, piora a situação o facto das mulheres serem educadas que o espectro das mulheres é a beleza. Davam-lhes assim uma funcionalidade, a de serem belas, obedientes, submissas anulando-lhes a individualidade, a humanidade e atribuindo-lhes uma existência meramente funcional. As mulheres eram consideradas meros ornamentos da sociedade e uma propriedade para ser trocada através do casamento e Wollstonecraft reivindicou a humanidade das mulheres e o seu direito a usufruir dos mesmos direitos fundamentais que eram dados aos homens. O seu trabalho era uma resposta a muitos autores da época que negavam convictamente o direito das mulheres à educação incluindo Rosseau (em Émile de 1762) que considerava que as mulheres deveriam ser educadas exclusivamente para satisfazer os prazeres dos homens. Esta visão funcional acompanhou as mulheres ao longo da história retirando-lhes a sua humanidade. Esta ideia falsa e forjada é aprendida socialmente, familiarmente, historicamente como tal só poderá ser erradicada e transformada através da educação com igualdade de género quer academicamente quer social e familiarmente. É através da educação que tudo se transforma e que se abre o espaço para a verdadeira igualdade e direito à existência. Por este motivo se torna importante uma reestruturação do sistema educativo que transforme as mentalidades e crie uma nova realidade de género, equalitária e com espaço para a diferença, a genuinidade e a criatividade. É importante que se quebrem barreiras, que se termine com o mundo a preto e branco e que se dê oportunidade, desde a mais tenra infância para a existência de todas as pessoas na sua plenitude sem que se forcem os encaixes em géneros ou outros preconceitos. Ser-se livre para aprender e construir, respeitar a liberdade e a personalidade do outro só abrirá espaço para um respeito mútuo e uma riqueza social sem precedentes. Hoje as mulheres têm acesso à educação, são, aliás, detentoras de mais graus académicos que os homens, mas continuam socialmente funcionalizadas aumentando às suas funções enquanto esposas e mães, cuidadoras e exemplos de beleza contemplativa, as funções laborais. Falta empoderamento e humanidade às mulheres, falta existirem por si mesmas, terem voz e poder de escolha e decisão. Tudo isto só será possível através de uma educação desde a pré-primária até ao ensino superior passando pela sociedade, a comunidade e a família, livre de preconceitos de género ou quaisquer outros. É um caminho longo, difícil e complexo mas é um caminho que deve ser trilhado. Nádia Cantanhede http://en.wikipedia.org/wiki/A_Vindication_of_the_Rights_of_Men http://en.wikipedia.org/wiki/Mary_Wollstonecraft http://historyguide.org/intellect/wollstonecraft.html Obra completa: A Vindication of the Rights of Woman em http://www.bartleby.com/144/1,html
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