Não há morte para o vento |
Segunda, 02 Abril 2012 | |||
Naquele tempo, as bombas e tiros calavam pessoas e lutas para segurar o conservadorismo, os poderes e privilégios herdados do fascismo. Hoje, a polícia de choque faz de cada intervenção a ameaça repressiva e prova que quando bate é a valer. Naquele tempo, a coragem dos trabalhadores agrícolas do Douro conquistou o feriado do 1º de Maio que os patrões recusavam a dar mesmo depois do 25 de Abril e da sua consagração em lei. Hoje, a coragem falta e os feriados escorrem-nos, entre os dedos, para os bolsos do patrão. Naquele tempo, a unidade da classe e a ação dos revolucionários e comunistas, com grande destaque para os da UDP, construiu o Sindicato dos Trabalhadores Agrícolas, mais tarde praticamente destruído por vagas sucessivas de despedimentos de todos aqueles que se pudessem parecer sindicalistas. Hoje, as vagas são uma maré que arrasta para o medo, a precariedade, a fome ou a emigração a generalidade dos trabalhadores do país. Naquele tempo, a esperança ajudava mais à luta. Hoje, a esperança marca falta num povo muito descrente e muito tomado pelo populismo e pela resignação. Naquele tempo, o tempo era muito difícil. Hoje, sendo diferente, difícil continua. Daquele tempo ficou-nos o exemplo e a coragem de Maximino de Sousa e muitos outros que ousaram enfrentar a repressão e se afirmaram portadores de mensagem de luta. É esse exemplo que honramos hoje. Sabemos que o povo poderá ser amedrontado durante muito tempo mas não o poderá sempre. Sabemos que o domínio ideológico tapa a alternativa mas a vida e a nossa luta dar-lhe-á visibilidade. Maximino e Maria de Lurdes, faz 36 anos que a bomba vos tirou a vida, mas “não há machado que corte / a raiz ao pensamento / não há morte para o vento / não há morte”. Victor Franco
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A Comuna 33 e 34
A Comuna 34 (II semestre 2015) "Luta social e crise política no Brasil" | Editorial | ISSUU | PDF
A Comuna 33 (I semestre 2015) "Feminismo em Ação" | ISSUU | PDF | Revistas anteriores
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