Pedro Passos Pinóquio de Magalhães |
Terça, 10 Abril 2012 | |||
“Tout le monde ment/ tout de Monde ment/ Le gouvernement/ ment énormément”
Sócrates foi muito justamente caricaturado com o nariz de Pinóquio (que cresce quando mente). Não havia manifestação contra o governo PS, a começar pelas da CGTP, onde não se exibisse vários cartazes com o Sócrates/Pinóquio. Para contrastar com Sócrates, o candidato Passos Coelho, na campanha eleitoral, prometeu falar verdade aos portugueses. Depois de eleito fartou-se de repetir que não esconderia nada ao país. Mas a verdade é que mal começou a governar fez exactamente o contrário do que prometera: aumento do IVA, cortes no subsídio de férias e de Natal dos funcionários públicos e dos reformados (há comentadores que se esquecem sempre de mencionar os cortes do 13 e 14º mês aos reformados) , mais despedimentos, mais austeridade, venda de activos ao desbarato, mais ataques à classe média. O cúmulo da mentira chegou-nos agora com a confissão de que os cortes dos subsídios de férias e de Natal não acabarão em 2014 como prometido, mas em 2015 e, mesmo assim, só serão repostos gradualmente. É caso para dizer que se o nariz de Sócrates crescia como o do Pinóquio, o de Passos Coelho já deve ter dado a volta à Terra, pelo que será mais apropriado chamar-lhe Pedro Passos Pinóquio de Magalhães. Com o desemprego nos 15% e o desemprego jovem nos 35,4% (a segunda taxa mais elevada da zona euro, a seguir à Espanha), uma recessão de 3,4%, uma quebra no consumo privado de 7,3%, contra os 6% previstos pelo governo no início do ano, uma quebra nas exportações e mais 200 mil desempregados até 2013, Paulo Portas bem evita dar nas vistas, fingindo que não tem nada a ver com a austeridade imposta pelo governo, mas a ideologia da direita mais extrema perpassa nos ataques aos mais desfavorecidos e chega ao cúmulo de retirar subsídios a doentes e grávidas com o cínico pretexto de combater a fraude. Não admira que o congresso do PSD se tenha entretido a falar do passado, zurzindo no governo de Sócrates, em vez de discutir o futuro. Seguro, pelo contrário, acautela o futuro. O futuro dele à frente do seu partido. A “golpaça” esmiuçada pelo prof. Marcelo, que por pouco não levou Seguro a desafiá-lo para um duelo ao pôr do Sol, é um problema do Largo do Rato que pouco interessa a quem sofre os tratos de polé do governo. Quanto ao futuro dos portugueses, podemos continuar a contar com a “abstenção violenta” do PS (violenta para a consciência da esquerda que ainda resta por lá, como aconteceu na votação do orçamento) ou com o voto a favor do novo tratado orçamental europeu (que nos deixará mais amarrados à crise), apesar da oposição de alguns deputados do PS, de Mário Soares, de Manuel Alegre e até do presidente Cavaco. O valente soldado Seguro, de peito aberto às balas, desafia a maioria PSD/CDS a votarem a favor da resolução do PS sobre um “tratado complementar sobre crescimento e emprego”, para atenuar os malefícios da “regra de ouro” do limite ao défice e ao endividamento. Que o mesmo é dizer: “OK, eu engulo o vosso veneno, se se comprometerem a dar-me um comprimido para as dores de barriga”. À esquerda a sério resta apanhar os bons ventos que sopram de Espanha contra a violência da austeridade e das leis do trabalho. Carlos Vieira e Castro
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