Afinal a Grécia ficou no Euro… Versão para impressão
Segunda, 18 Junho 2012


povo_grego… com um golo de Karagounis. Quanto a permanências no euro estamos conversados, só esteve em jogo no campo da bola. Nas eleições deste domingo, o jogo era outro e o adversário também. No máximo poder-se-à dizer que a segunda volta das eleições se disputa nos quartos-de-final. Sim, já sabemos que no futebol são 11 contra 11 e no fim ganha sempre a Alemanha. Mas isso é no futebol.

No campo da democracia, onde no domingo se disputou o futuro do povo grego, a Sra. Merkel perdeu quando a maioria dos eleitores recusou por voto popular a política de austeridade imposta pelo memorando da Troika. Todos os que participaram na chantagem, do Financial Times a Hollande, viram-se gregos no domingo. É verdade que para a esquerda não chegou (ainda) o momento de responder pelo seu programa, mas a perspectiva de um Governo de Esquerda provou-se consistente, determinada e possível. 
As eleições gregas do passado domingo abriram uma enorme brecha no consenso austeritário que domina a Europa. Enorme, do tamanho do resultado do Syriza. Por isso não havia, à esquerda, derrota possível. E por isso nenhum de nós sentiu ontem outra coisa que não a alegria de assistir a uma esperança que se agiganta.
O grande resultado obtido pela esquerda fez do Syriza a maior e a principal força de oposição a um Governo de direita pró-austeridade cuja existência e geometria é ainda uma incógnita. A viabilidade de um executivo troikista sem maioria dependerá muito da disponibilidade do Pasok para as “abstenções violentas” em nome do “interesse nacional”. Mas uma coisa é certa, nenhum Governo que insista no desastre, na bancarrota e no empobrecimento terá sossego. Na Grécia, a austeridade está a prazo.
No final de meses de campanha, de todo o nervoso miudinho, de tanta chantagem inaceitável, continuamos a sentir-nos gregos. Em Portugal, fizemos da nossa solidariedade uma corrente de protesto, com toda a garra de quem sabe que as lutas são as mesmas; mas também uma aprendizagem sobre a construção de uma alternativa de esquerda na era da dividocracia.
Em todo este percurso, o Syriza mostrou estar à altura do colossal desafio que lhe foi colocado. Construiu um programa socialista radical e, com toda a habilidade táctica, fez dele a sua condição de Governo. Porque tinha um programa radical, pode fazer todos os diálogos e convergências para uma frente de esquerda contra a troika; porque não abdicou das suas propostas, arrasou o centrão e deslocou a política grega para a esquerda, atropelou o Pasok e trilhou o KKE. Porque se manteve firme na alternativa anti-troika, recusou participar num governo de “salvação” nacional que o levaria a um desastre à italiana.
Porque as maiorias se fazem a partir de ideias consistentes, o Syriza conseguiu o mais difícil: chegar até aqui sem deixar para trás nenhuma das suas bandeiras. O Governo de Esquerda precisará de convergências eleitorais, mas só depende da maioria social que o seu programa conseguir alcançar. Para a frente nada será mais fácil, mas por não ter desistido da Europa, o Syriza abriu – também para nós – um horizonte de esperança.
Desta vez foi à trave. Mas finalmente estamos ao ataque.

Joana Mortágua

 

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