No dia 18 de julho, completam-se 87 anos desde a edição pela primeira vez daquele que se tornaria um dos livros que mais fizeram escorrer sangue na História da Humanidade. Uma autêntica Bíblia, oriunda do Reino de Hades, onde se aponta que os maus detenham lugar cativo.

Todo o movimento nazi-fascista viria posteriormente a obedecer cegamente a este manual que personifica o distúrbio mental de um ser altamente disfuncional, Adolf Hitler. Com o Putsch de Munique, no ano de 1923, que resultaria em fracasso, esta figura altamente perniciosa entrava na cela da Prisão, na qual viria a redigir tal documento.

Uma sociedade verdadeiramente progressista somente alcança referido estatuto por intermédio de uma memória coletiva verdadeiramente consolidada. Como tal, o passado afigura-se relevante para o entendimento do erro, destronando assim, o caminho tortuoso em que o Povo é infelizmente absorvido, numa infeliz vaga sistémica. Assim sendo, torna-se perentório recordar os pressupostos que lançaram o nacional-socialismo na chefia governamental alemã.

O clima de crise sistémica pairava no seio das sociedades e a solução fácil começava a ser acatada progressivamente, tendo possibilitado a ascensão do nacional-socialismo no ano de 1933 para a condução da política nacional alemã. O Terror prescrito nas mentes nazis e o plano orquestrado em Mein Kampf, tornou-se uma realidade. Se é bem verdade
que o nazi-fascismo sairia derrotado, não será demais recordar que a extrema-direita, que tanto floresce em variadíssimos países europeus, nunca mais abandonou a matriz hitleriana.

Num momento de fragilidade, como aquela que vivenciamos atualmente, assistimos a movimentos sedentos de Poder, hostilizando camadas frágeis da Sociedade. O falso mito, baseado numa deturpação de Darwin, na qual a luta de raças movimenta a História, emerge nos seus discursos.

População imigrante, que simplesmente parte à procura de melhores condições de vida e que na realidade, surge sempre negligenciada pelo capital, é alvo de racismo e xenofobia por parte destes movimentos sanguinários. O fascismo e o capitalismo sempre se compatibilizaram e harmonizaram concordantemente.

Estes movimentos, constituídos em Partidos desprezam integralmente os mais altos valores democráticos, mas hipocritamente fazem-se valer deles para se autopromoverem. Esta exposição ampla da democracia, abrindo espaço à representação de tais partidos, poderá
autodestruir-se.

Bem sabemos que a fascização da sociedade tem vindo a ser operada por outro tipo de autores, de uma forma dissimulada, que não sendo declarada como se processa com os autores anteriormente referenciados, não deixa de o ser num ambiente supostamente consagrado pelos demoliberais.

Concluímos, com uma caso paradigmático no que respeita ao vulgarmente designado como neo-nazismo, deslocando-nos para a Grécia, berço da civilização ocidental. No presente ano de 2012, foram realizados dois atos eleitorais, as legislativas a Junho e Maio de 2012. Estes dois processos eleitorais, possibilitaram à Aurora Dourada, partido neo-nazi, aceder ao Parlamento Grego, com 21 e 18 assentos parlamentos, respetivamente.

A premissa de Miguel de Unamuno, no qual profere que “O fascismo cura-se lendo e o racismo cura-se viajando” faz todo o sentido num momento em que a Democracia deixa florescer a morte da Liberdade. A triste herança de Mein Kampf, obriga a que o Povo numa atitude de consciencialização coletiva combata o inimigo da sua libertação.

Recordando Isidora Dolores Ibárruri Gómez, com o Povo erguido, é hora de dizer: “Antes morrer de pé que viver de joelhos!”, “Os fascistas não passarão!”, “É melhor ser a viúva de um herói, que a mulher de um covarde!”

Tiago Ramalho