Liberté |
Quinta, 07 Fevereiro 2013 | |||
Olhando para o mapa europeu dos direitos LGBT parece que vivemos ainda no tempo das trevas. Que a França, país das luzes e da revolução, se tenha finalmente decidido a iluminar mais um pedaço deste escuro mapa é motivo para toda a Europa festejar os direitos conquistados. Artigo de Joana Mortágua Olhando para o mapa europeu dos direitos LGBT parece que vivemos ainda no tempo das trevas. Na maior parte dos países, o casamento e a adoção por homossexuais são no máximo uma miragem de um tempo que há-de vir, em que o amor e as relações humanas não sejam formatados pela violência legal. No debate que antecipou a aprovação do casamento gay em França, o expoente anedótico da posição conservadora foi expresso pela líder democrata-cristã Christine Boutin quando afirmou que "os homossexuais podem obviamente casar-se, [desde que] com alguém de outro sexo". A anedota encerra em si toda a violência com que o conservadorismo fere a vida de todos os que escapam ao controlo das suas bafientas doutrinas. Mas quando chega o tempo de mais uma vitória do progresso, e não já não há igreja nem lei que abafe o grito de liberdade, os conservadores e muitos conciliadores liberais dão asas à criatividade para atrapalhar o futuro que quer chegar: casamento sem adoção, direitos pela metade, adoção sem casamento, "don't ask, don't tell", "união civil" ou "partenariado", "piaçaba" ou "vrrnheic"... direitos de segunda para cidadãos de segunda. O problema sério surge quando o tal grito de liberdade é calado à bastonada. Quando o domínio dos poderosos no Estado se mantém com a força das instituições conservadoras e religiosas na sociedade. O novo czarismo da Rússia é um exemplo acabado disso. A proibição das manifestações pelos direitos LGBT, a prisão das ativistas Pussy Riot como um sinal para todos os subversivos, a proibição de tudo o que possa ser considerado "propaganda gay" é um enorme passo no regresso às trevas... ingénuo seria pensar que a destruição das liberdades vai ficar por aqui. Que a França, país das luzes e da revolução, se tenha finalmente decidido a iluminar mais um pedaço deste escuro mapa é motivo para toda a Europa festejar os direitos conquistados. A aprovação do casamento homossexual ficou garantida pela votação do primeiro artigo da lei sobre direitos LGBT. Ficamos à espera do capítulo da adoção. De batalha em batalha avançamos as vitórias legais, passos de um caminho que só acaba quando todas e todos formos realmente livres.
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A Comuna 33 e 34
A Comuna 34 (II semestre 2015) "Luta social e crise política no Brasil" | Editorial | ISSUU | PDF
A Comuna 33 (I semestre 2015) "Feminismo em Ação" | ISSUU | PDF | Revistas anteriores
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