O neo-filme racista Versão para impressão
Sábado, 31 Janeiro 2009
Em momento de crise as burguesias procuram encontrar inimigos, que não eles próprios, para os trabalhadores enfrentarem. Normalmente esses inimigos, internos ou externos, são alguém dos mais fracos. Os mais fracos ficam, por isso, à mercê da acção e da repressão do regime e cava-se uma divisão entre as classes mais pobres e populares.
Texto de Victor Franco

Em momento de crise as burguesias procuram encontrar inimigos, que não eles próprios, para os trabalhadores enfrentarem. Normalmente esses inimigos, internos ou externos, são alguém dos mais fracos. Os mais fracos ficam, por isso, à mercê da acção e da repressão do regime e cava-se uma divisão entre as classes mais pobres e populares.

Essa divisão é essencial ao domínio burguês. Essa divisão cria a ilusão de que todos estão do mesmo lado – menos os mais fracos que estão a ser atacados e ilude a diferenciação de classe.


A cultura dominante pretende criar uma ideia comum, simples, de fácil acolhimento pelas massas de milhões de pessoas. Os conteúdos racistas sobre os ciganos, os pretos, os imigrantes, as atitudes de negação de direitos dos beneficiários do RSI são exemplos disso. Estes aspectos foram usados no ascenso do nazismo, é usado pela extrema direita, e é usado por muitos daqueles que vendo-se em dificuldades sociais apontam culpas aos mais fracos e não àqueles que na verdade criaram a situação em que vivem.


A actual crise está a fazer vir ao de cima várias dessas respostas burguesas. Foi assim em Itália no ataque aos acampamentos ciganos, incendiados e destruídos por bandos de gente em fúria racista.


Está a ser assim em Inglaterra com as recentes manifestações e até greves contra os imigrantes portugueses acusados de roubarem o trabalho aos ingleses. Incrivelmente são sindicatos a dinamizarem essas acções racistas gritando “empregos britânicos para trabalhadores britânicos”. O PNR não faria melhor. 


Também impressionante é ver Paulo Taborda, dirigente dos Sindicatos da Função Pública / CGTP a defender, como conta o Jornal Público e se lhe ouviu na Assembleia da República, “que chegou a hora de discutir a hipótese de os funcionários dos centros educativos terem acesso a tasers”. Paulo Taborda não equacionou a necessidade da melhoria educacional desses centros, da necessidade pedagógica com as crianças e jovens – quase sempre vítimas da própria sociedade de descriminação e exclusão social. Paulo Taborda quer mais repressão para os mais fracos. Paulo Portas bate palmas. 
Texto de Victor Franco

 

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