Crise financeira e económica, cada vez mais social |
Sexta, 02 Janeiro 2009 | |||
Ao entrarmos em 2009 adensam-se as nossas preocupações pelo evoluir da situação económica, com as principais economias em recessão e uma previsão da OIT de que no final de 2009, pela primeira vez a nível global o número de desempregados, ultrapasse os 200 milhões. Prevê-se ainda que o número de pessoas que vivem com menos de um dólar por dia possa aumentar em 40 milhões e o de pessoas vivendo com 2 dólares por dia em 100 milhões. Texto de José Casimiro Se não se inverter as actuais políticas e não concentrarmos as respostas nas pessoas e nos sectores produtivos, ou seja, na economia real, estaremos perante o aprofundar de uma crise marcada pelo agravamento da pobreza, das desigualdades sociais, do desemprego e da precariedade. Perante o agravar da crise económica e social em Portugal, o governo PS dá mostras de ter um critério de sentido único, protegendo os poderosos e as suas fortunas, como no caso do Banco Português Privado, não punindo adequadamente quem comete crimes como no caso do BCP, BPP ou da "operação furacão", ou quando manifesta uma enorme insensibilidade social perante os dramas da pobreza - 1,9 milhões de pessoas ganham menos de 379 euros por mês e cada vez mais recorrem ao RSI, que é dos menos eficazes da Europa quanto à sua inserção na vida activa - ou perante as desigualdades salariais e sociais que continuam a ser das mais elevadas da Europa. O desemprego sobe, com perspectivas para 2009 de continuar a subir ainda mais, mas o governo PS resiste a alterar as regras do subsídio de desemprego para que mais pessoas sejam abrangidas. Em termos reais, o desemprego já ultrapassou os 10%, mas o que se verificou foi uma clara diminuição da protecção social. Neste momento mais de 40% dos desempregados não tem qualquer protecção social, número que aumenta para 55% se tivermos em conta o desemprego efectivo. Para 2009, apesar de se prever um aumento do desemprego, o orçamentado para pagar subsídios de desemprego é mais de 200 milhões de euros inferior ao valor de 2008. Mas um dos banqueiros mais bem pagos do mundo, Vítor Constâncio, culpa a "generosidade" do subsídio de desemprego de longa duração pelo aumento do desemprego. A precariedade aumentou 83% na última década, mas Cavaco diz que os jovens devem ser incentivados "a trocar estabilidade de um emprego pelo risco do empreendorismo", na mesma linha de Francisco Van Zeller que aquando do chumbo do Tribunal Constitucional quanto ao alargamento para 180 dias do período experimental, disse que "há um exagero da segurança do emprego, ...", "diz-se que a precariedade é inimiga, mas não é. É muito melhor que o desemprego". Como responde o PS? Com o código de trabalho que visa brutalizar e generalizar na sociedade portuguesa a precariedade. A insensibilidade social precisa de respostas corajosas e à esquerda. O ano 2009 vai ser muito difícil e é preciso intervir na economia real, ajudar as pessoas, no aumento das pensões e dos salários, no investimento público que promova o emprego e combata a precariedade, sem descapitalizar a segurança social, alargue as medidas de protecção social no desemprego e no combate à pobreza, tendo a sensatez de taxar as grandes fortunas. Promover serviços públicos de qualidade é fundamental, em vez de os privatizar ou de desenvolver ruinosas parcerias público-privadas, como o é tornar o sector público dominante na energia e na banca. A crise social tem de ter respostas à esquerda, a urgência social assim o exige, 2009 já chegou. José Casimiro
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A Comuna 33 e 34
A Comuna 34 (II semestre 2015) "Luta social e crise política no Brasil" | Editorial | ISSUU | PDF
A Comuna 33 (I semestre 2015) "Feminismo em Ação" | ISSUU | PDF | Revistas anteriores
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