Políticas de classe |
Sexta, 02 Janeiro 2009 | |||
A expressão é usada em termos pejorativos quando se quer apontar o dedo ao interesse de classe burguês de um governo, ou de um partido do sistema. O governo de Sócrates prossegue "políticas de classe" nas privatizações, no escândalo do BPN e BPP, no código de trabalho, afirmativo. Texto de Luís Fazenda Em geral, os sindicalistas e os militantes de esquerda usam a expressão no singular. Propor impostos sobre as grandes fortunas é uma "política de classe", leia-se da classe dos trabalhadores por extenso, afirmativo. No conteúdo geral, de facto nada é neutro no interesse social quando a formação humana está dividida em classes. Isso é verdade. Contudo, é forçoso ter conta peso e medida na aplicação política desta tese. Outro dia ouvi um empenhado deputado comunista gritar aos quatro ventos que se opunha ao conceito de parentalidade, que não era "política de classe", a "classe" queria maternidade e paternidade, ponto final. A afirmação é relevante a vários aspectos. O que menos conta é a incapacidade de evolução sobre as questões de género, alterações sociais patentes nas grandes urbes industriais e de serviços, no seio da "classe" ela própria. O que menos conta é o tradicionalismo dos estereótipos sobre o papel de pai e de mãe. O que se destaca nesta análise é que na maior parte das coisas da vida social e política, não nos grandes eixos de fácil identificação de interesses com os quais comecei esta nota de opinião, não é imediata a identificação ao primeiro momento onde radica o interesse dos explorados. É necessária uma leitura integrada para não cometer erros. É necessário olhar e ouvir os ditos interessados, ainda mais importante. O cinismo católico chama a isso invocar o nome de Deus em vão. Por exemplo, será que o alargamento da prisão preventiva no combate ao crime interessa à classe trabalhadora? Será essa a forma adequada de proteger os mais frágeis, vítimas de furtos e outras violências? Será que a diminuição das garantias individuais favorece a luta contra a classe dominante? Ou a questão é de organização judiciária, de negligência cúmplice do Estado na sentença ao crime organizado? Isto é, uma questão de insuficiência de meios para investigação célere da acusação penal? O que faz o fôlego, infelizmente, desta secção da esquerda é essa virtualidade de decidir sozinha o que é e não é de "classe". De tal modo que conseguiu olhar para o Bloco de Esquerda e do alto de coisa nenhuma dizer que "não tem política de classe", parágrafo. Infirmativo. Luís Fazenda
|
A Comuna 33 e 34
A Comuna 34 (II semestre 2015) "Luta social e crise política no Brasil" | Editorial | ISSUU | PDF
A Comuna 33 (I semestre 2015) "Feminismo em Ação" | ISSUU | PDF | Revistas anteriores
Karl Marx