O BPP e a natureza da “coisa” |
Sábado, 06 Dezembro 2008 | |||
A mudança de opinião de Teixeira dos Santos, em relação ao BPP, será apenas uma "cambalhota"? Ou estamos, perante opções que marcam claramente a natureza de classe do Estado? Num dia, o Ministro afirma com toda a convicção que: "O Banco Privado Português (BPP) não tem um impacto sistémico no sector financeiro nacional, dado o peso pouco significativo de depositantes que tem." Três dias depois, e com a mesma convicção, vem assumir: " A necessidade de um aval 450 milhões de euros". Teixeira dos Santos sentiu mesmo a necessidade dum longo comunicado de três páginas e veio a público dizer que: "... O radar internacional... qualquer pequena fagulha pode gerar um grande incêndio". Quem são então os beneficiários de tanta generosidade? Rendeiro, Saviotti, Balsemão, Vaz Guedes entre outros. Claro que tudo sempre justificado e certificado pelo Banco maior que tem o "mérito" de "envolver solidariamente" seis bancos comerciais, entre eles a CGD, para emprestarem ao BPP 450 milhões de euros, fizeram-no claro está com a garantia do Estado - O penhor de activos do balanço do BPP é de cerca de 672 milhões de euros. O que se sabe é que são activos praticamente inactivos, resultantes de acções que sofreram desvalorização, sendo o seu valor real desconhecido. Mas estas mudanças de opinião não são inocentes nem inesperadas, pelo contrário, elas fazem parte da genética dos Estados e das burguesias que, por todo o mundo lutam desesperadamente pela reconfiguração do capitalismo, distribuindo paliativos que amorteçam a crise ideológica do neoliberalismo. A receita? A mesma de sempre. Injectar milhões aos bancos a juros irrisórios, espoliados a todos os contribuintes, obtidos à custa da subida das taxas de juro dos empréstimos, de baixos salários, de pensões miseráveis, de novos contingentes de desempregados de grandes bolsas de precários. Da receita faz parte a salvaguarda dos interesses de respeitáveis figurões da finança, que avidamente se envolveram na jogatana perversa, exaltando o espírito empreendedor com que tentam corromper o carácter das pessoas. A receita contém o ingrediente natural e intrínseco ao capital. É a "natureza da coisa". A convocatória é clara! Alterá-la é o ponto único da ordem de trabalhos. Mariana Aiveca.
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A Comuna 33 e 34
A Comuna 34 (II semestre 2015) "Luta social e crise política no Brasil" | Editorial | ISSUU | PDF
A Comuna 33 (I semestre 2015) "Feminismo em Ação" | ISSUU | PDF | Revistas anteriores
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