Obama: a mudança não começada Versão para impressão
Sábado, 06 Dezembro 2008
Para quem considerou a eleição de Obama como uma vitória da esquerda, ou até para quem viu nele "simplesmente" a emergência de um novo Roosevelt, a desilusão deve ser grande. As equipas que Obama nomeou para a economia, a defesa e os negócios estrangeiros são sintomáticas de que nada de essencial mudou na administração do Império.
Texto de Carlos Santos

Para a guerra Obama nomeou como seu futuro ministro (Secretário de Estado da Defesa, na linguagem norte-americana) o mesmo da última administração Bush: Robert Gates. Para os negócios estrangeiros vai Hillary Clinton.

Obama dá assim o mais importante sinal na política externa, prosseguir o caminho da equipa de Bush do segundo mandato, continuidade com Clinton - a administração que mandou bombardear Belgrado.

A equipa económica, assente no trio Robert Rubin, Lawrence Summers e Timothy Geithner é igualmente clarificadora. Rubin e Summers foram secretários do Tesouro de Clinton, Rubin entre 95 e 99, Summers em 99, Geithner é um discípulo dos dois.

O curriculum de Summers é mais vistoso, em 91 como economista chefe do Banco Mundial, escreveu uma célebre "directiva tóxica" onde deixou cair pérolas como esta:

"É necessário incentivar uma migração mais significativa das indústrias poluentes para os países menos avançados. Uma certa dose de poluição deveria existir nos países onde os salários são mais baixos. Penso que a lógica económica que acarreta que massas de desperdícios tóxicos sejam despejadas onde os salários são mais fracos é imparável".

Em 99, como secretário do Tesouro, pressionou o presidente do Banco Mundial e conseguiu o afastamento de Joseph Stiglitz. Quando posteriormente foi presidente da universidade de Havard o site da sua biografia indica que "dirigiu o esforço de aplicação da mais importante desregulamentação financeira destes últimos 60 anos".

Para quem esperava que Obama fosse um novo Roosevelt, o novo presidente americano clarificou nomeando uma equipa profundamente envolvida no "lixo tóxico financeiro".

Para quem considerou que a eleição de Obama foi uma vitória da esquerda, só tem de reconhecer que se enganou no sentido, o que em política é um pouco mais grave que na condução automóvel.

Carlos Santos

 

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