A expiação do mercado... através dos mais pobres |
Sexta, 10 Outubro 2008 | |||
A crise acelera o seu efeito de contágio aos mais variados mercados e países, reflectindo-se cada vez mais na economia real. Quando com esta situação, Paulo Portas, ataca violentamente o ‘rendimento mínimo’ que, segundo ele, apenas serve para sustentar “quem não quer trabalhar” e subvencionar criminosos e imigrantes, o que a direita está a fazer é palmilhar o caminho do extremismo e do populismo, explorando de entre os indefesos da sociedade, de entre os ‘centrifugados’ do mercado, os bodes expiatórios para a ruína do castelo do liberalismo.A coisa não é nova... A regra é sabida por todos e comprovada pela história. Em época de crise o populismo arranja pretensos culpados e não soluções. A direita queima as bruxas para que não se discuta a essência do fogo. Reata e inflaciona o discurso da méritocracia e do social darwinismo. “Cada um tem aquilo que merece”. Uma regra causa-efeito genuinamente absurda. Texto de Moisés Ferreira Quando com esta situação, a direita flecte o seu discurso contra os mais pobres e discriminados socialmente está evidentemente a tentar salvar o seu ídolo liberal através do dogma de que o mercado é bom. E se a frincha escancarou o império do capitalismo, há que a remendar com aqueles que hoje já são a pobreza e a exclusão mais extrema provocada pelo mercado. Há que lhes imputar os seus erros, de dedo bem em riste, porque eles é que de tão irresponsáveis que são, não são aptos a viver na regra do mercado. Para a direita não é culpa do neoliberalismo que a economia de casino tenha vindo a destruir a economia real, fazendo desaparecer postos de trabalho. Não, a culpa é dos desempregados que não sabem ter capacidade de empreendedorismo e inovação para criar o seu próprio posto de trabalho. A direita não vê qualquer problema no facto de o capital ter massificado a propaganda agressiva do crédito e do incentivo ao hiper-consumo como forma de resolver as suas crises de sobreprodução... Consequências disso? Sobre-endividamento das famílias; incapacidade de pagamento aos bancos... Não, mas a culpa é dessas famílias que não foram discernidas ou honradas o suficiente na altura de comprar a sua casa através de empréstimo. O mercado é bom, e a direita sabe disso... Se ao menos conseguíssemos esquecer ou fazer esquecer, apagar ou fazer apagar todos os pobres, explorados, desempregados, sobreendividados, desalojados e discriminados que provam o contrário... Moisés Ferreira
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A Comuna 33 e 34
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