A lista de espera |
Sexta, 10 Outubro 2008 | |||
O comunismo sempre se deu mal com os direitos dos homossexuais. Tirando curtos períodos das alterações revolucionárias, os estados socialistas perseguiram e perseguem pessoas com orientação sexual não hetero. Os argumentos têm sido os mais absurdos: para não prejudicar o crescendo demográfico, quando foi caso disso, ou porque seria contra a dialéctica da natureza, ou por ser uma aberração decadente das classes vencidas. Afinal, a homossexualidade não escolhe classe, não há nada mais materialista que a natureza e a dialéctica está longe, menos para os ignorantes, de ter uma lógica binária. Nos partidos comunistas dos estados capitalistas também sempre preponderou a discriminação, no mínimo uma tolerância mal disfarçada para com gays, e pior um pouco, com lésbicas. Achava-se desnecessário assumir conflitos com as várias igrejas no quadro geral de libertação da classe operária. Assumir todas essas pessoas como desviantes é um trágico serviço à unidade popular. Vem isto a propósito do orgulho que sinto, também como comunista, em ter defendido no parlamento o casamento entre pessoas do mesmo sexo. De fazer parte de uma corrente política e ideológica que resgata os erros do socialismo passado. É a burguesia, contando com os seus agentes políticos e religiosos, que contraria a igualdade de direitos civis. Seguramente, o ataque ao capitalismo beneficia da pluralidade articulada das contradições sociais, e são muitas: a exploração do trabalho, a ofensa de género, a discriminação de seres humanos, o obscurantismo cultural, a agressão ambiental, etc. A resistência e alternativa ao sistema vigente alimentam-se de todas as lutas e da incumbência de todos os direitos. Um partido político de vanguarda não é um vulgar sindicato com deputados, é antes a generalidade do movimento social com representação política. O que já não parece muito vanguardista é esperar que a maioria das pessoas seja favorável à igualdade de direitos civis para os homossexuais e só depois avançar com a proposta, a clivagm e a luta... Coisas da Soeiro... Recordo Mário Viegas nas eleições de 95, na campanha da UDP, provocou a polémica geral trazendo a agenda dos direitos dos homossexuais à luz do dia. Ele já então achava que os homossexuais não deviam estar em lista de espera... Luís Fazenda
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A Comuna 33 e 34
A Comuna 34 (II semestre 2015) "Luta social e crise política no Brasil" | Editorial | ISSUU | PDF
A Comuna 33 (I semestre 2015) "Feminismo em Ação" | ISSUU | PDF | Revistas anteriores
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