Quo vadis G20? Versão para impressão
Segunda, 21 Setembro 2009

No passado dia 17 de Setembro, em Bruxelas, os líderes europeus reuniram-se num jantar para preparar a reunião do G20 sobre a reforma do sistema financeiro mundial que se irá realizar em Pittsburgh, nos Estados Unidos, a 24 e 25 de Setembro.

Em Abril deste ano, a primeira reunião do G20 para combater a crise, realizada em Londres, surpreendeu muita gente por, na declaração final, pôr em causa os paraísos fiscais, reconhecer os fracassos da regulação financeira e propor a intervenção dos governantes na economia para conseguir uma recuperação sustentável da economia, no que parecia ser uma proposta radical e alternativa. Mas, na verdade, apenas concordaram em mobilizar um bilião de dólares para combater a crise e na criação de uma grande agência para supervisionar as finanças internacionais.

Como tinha sido alvitrado poderiam, e deviam, ter ido mais longe. Deviam ter tomado medidas para acabar com o sigilo bancário e acabar com os paraísos fiscais. Mas, a linha vencedora foi a do costume, a que defende o princípio da liberdade dos capitais, o mercado livre, a mesma ordem comercial que acentuou as assimetrias e desigualdades entre as nações, a privatização e mercantilização dos serviços essenciais e a que, por fim, defende cegamente o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial e a OMC sem questionar o seu falhanço em prevenir e evitar a degradação da economia mundial.

O G20 foi generoso em falar do combate à crise mas nunca reconheceu que já existiam, e que serão agravados, problemas sérios como a pobreza, a desigualdade e a fome que devastam o mundo. Quase um ano depois nada, ou muito pouco, foi feito para além da injecção de capitais em situações de emergência e da criação de uma agência de supervisão, nos mesmos moldes de supervisão que não foram capazes de evitar os erros e os abusos que levaram à actual crise, o que não inspira grande confiança.

Para a reunião de Pittsburgh as declarações públicas dos líderes mundiais estão muito mais moderadas e embora os líderes da Alemanha, da França e do Reino Unido se apresentem unidos na exigência da adopção de regras que diminuam os prémios que os banqueiros se atribuem não sugerem medidas urgentes para, de facto, garantir que crises como a que vivemos não voltem a acontecer. Na verdade, a redução dos montantes de compensações pagos aos gestores e banqueiros é uma medida extremamente popular que, por ventura, apaziguará as opiniões públicas mas que, embora justa, não se compara à eficácia que o fim dos off-shores teria a nível de transparência, segurança e justiça na economia.

Sem grandes ilusões, aguardemos as conclusões de Pittsburgh, insistindo que é possível fazer diferente e que acabar com os paraísos fiscais é o primeiro grande passo para que haja justiça na economia.

Ana Cansado

 

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