Big Show Europa e a Quinta dos Famosos Italianos Versão para impressão
Segunda, 29 Junho 2009
A comunicação social tem perdido bastante tempo a fazer eco de escândalos sexuais que envolvem o primeiro ministro italiano, do seu divórcio e de um sem número de faits-divers que transbordam da imprensa especializada para os serviços noticiosos, o que tem um efeito prático de desinformação relativamente ao poder político italiano.
Artigo de Ana Cansado
Que Sílvio Berlusconi não queira mais manter o seu casamento ou tenho uma vida sexual por muitos considerada reprovável não me interessa minimamente e não devia ser mais importante - salvo para as autoridades italianas no caso de algumas das suas preferências constituírem um crime contra menores ou de abuso de poder – que as medidas políticas que determina enquanto chefe do governo de Itália.

Em Maio deste ano o Parlamento italiano aprovou legislação que transforma em crime a imigração. A lei permite que os imigrantes indocumentados sejam punidos com multas e depois expulsos e que as pessoas que lhes aluguem casas possam ser condenadas a penas de prisão até dez anos, prevê ainda a instituição de milícias de cidadãos que colaborarão com a polícia. Berlusconi rejeita uma Itália multi étnica e assume medidas como por exemplo que os filhos dos imigrantes clandestinos sejam separados das famílias e entregues para adopção que indiciam um fanatismo de purificação e protecção de uma raça que levada ao extremo só encontra igual nos ideais do arianismo e em regimes autoritários já extintos.

O que não é visível é o que é anda a fazer a esquerda em Itália? Não é capaz de se fazer ouvir relativamente ao aumento do desemprego nem na crítica à corrupção. A defesa dos imigrantes, a defesa dos serviços públicos, os temas que unem as diferentes esquerdas por uma Europa mais justa e solidária, não têm em Itália um porta-voz capaz de dar a conhecer as lutas que por lá se vão fazendo.

É preciso encontrar estratégias para marcar a Agenda Internacional. E esta preocupação não resulta apenas do que se passa em Itália. A esquerda na Europa tem dificuldade em fazer passar a sua mensagem. O aumento generalizado de eleitos por partidos de extrema-direita para o Parlamento Europeu - o próprio Sílvio Berlusconi, cabeça-de-lista nas eleições europeia em Itália, foi o candidato mais votado - e a provável reeleição de Durão Barroso para a Comissão Europeia não auguram nada de bom.

As discussões das idiossincrasias dos governantes não pode dominar o debate político sob pena de passarmos a eleger políticos como se fosse a atribuição de um prémio num festival de personalidades. A política não deve ser um programa televisivo de entretenimento mas um debate sério e plural. Os governantes deve ter em conta o interesse e o bem comum e não agirem como se estivessem numa casa onde os comportamentos mais escandalosos garantissem a manutenção na casa e os níveis de audiência.

Os excelentes resultados do Bloco de Esquerda nas eleições Europeias, em Portugal, podem constituir uma voz na Europa que ajude a reanimar a Esquerda mas é preciso mais. É preciso estimular o encontro e o debate das diferentes esquerdas europeias para que a voz da Esquerda na Europa seja mais audível e os europeus possam ver outros programas para além do Big Show Europa.
Artigo de Ana Cansado
 

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