Irreverentemente, sem sequer considerar todo o processo pós-25 de Abril para a construção de uma escola totalmente pública, o governo PS conseguiu colocar a educação na frente da batalha. Mais ainda, contribuiu deploravelmente para a sua degradação e colocou-a na mítica lista das privatizações.

Artigo de André Rei

Primeiro, foi direccionada uma ofensiva contra os professores, com o concurso para professores titulares e um modelo de avaliação extremamente mal estruturado, que se traduziu numa desorganização integral da hierarquia docente. Depois, atacaram-se os alunos, com o novo regime de faltas, novo estatuto do aluno e provas de recuperação, tendo a visão da escola sido transformada numa de uma prisão e de um sufoco constantes.

Não havendo muito mais para atacar, o governo determinou que a escola em geral seria posta na mira dos seus mísseis anti-democráticos. Assim, surgiram os directores nos estabelecimentos de ensino, como gestores de pequenas empresas, intimamente ligados ao poder político e, assim, subordinados a este. De seguida, com o Programa de Modernização das Escolas do Ensino Secundário, que engloba 332 escolas, o Estado procurou articular um estratagema para que estas passassem a pertencer à Parque Escolar, responsável pelas obras. Desta forma, o Estado deixa de interferir em assuntos respectivos à educação, passando todos os encargos com a mesma para uma empresa independente.

Como se os resultados parecessem insuficiente aos olhos dos políticos socialistas, deparamo-nos ainda com algumas medidas que contemplam todo este processo de destruição da Escola Pública, como o congelamento de salários e da progressão da carreira dos docentes e o aparecimento dos mega-agrupamentos. Medidas que visam, pura e simplesmente, evacuar empregados da função pública, como se criar desemprego fosse uma forma de “combater a crise”.